quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Fruto do Espírito - Bondade


 
 
 
A bondade de Deus está expressa na criação (Gn 1.31) e é conhecida na salvação (Fp 1.6).

O salmista proclama a bondade de Deus como grande e eterna. Deus é a verdadeira essência da bondade, o Autor de ilimitada e desmerecida generosidade.

Apesar de Deus ser o único verdadeiramente bom, a escritura encoraja os cristãos, a buscarem a bondade, modelando suas vidas de acordo com Jesus Cristo. Para os cristãos, bondade não é simplesmente a ausência do mal, mas a retidão acompanhada por atos de bondade.
Como fruto do Espírito Santo, a bondade é resultado natural do amor, da alegria, da longanimidade e da benignidade ativos na vida de uma pessoa (Gl 5.22-23). É uma expressão visível de mudança interior no coração do cristão – o poder invisível do Deus santo denominado a natureza pecaminosa que está dentro de todas as pessoas.

É difícil alcançar a verdadeira bondade. Ela se manifesta somente em uma vida entregue totalmente ao Senhor e é uma exigência para o ministério efetivo. Servir aos outros é somado como evidência da bondade de Deus agindo na vida de um cristão.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Fruto do Espírito - BENIGNIDADE




Alguns dias sem postar devido a correria de fim de ano, estamos de volta para continuarmos a reflexão sobre o fruto do Espírito.



A benignidade, no Antigo e no Novo Testamento, é expressa como amor constante em ação.

A palavra hebraica chesed e a palavra grega chrestotes significam, respectivamente, emoção e ação. Resumindo, o amor constante expresso em ação (como “bondade” e “misericórdia”, por exemplo) é benignidade.

A “misericórdia” é um atributo do Senhor (Sl 31.21). Deus demonstra a sua misericórdia abundantemente a seus filhos. Sua misericórdia é eterna.

Deus quer que seus filhos sejam benignos uns para com os outros (Ef 4.32) e espera que eles manifestem bondade fraternal mesmo em meio às provações. Como fruto do Espírito Santo, a benignidade é uma virtude que deve ser acrescentada à fé. (2ª Pe 1.5-7).

A benignidade não é uma reação natural humana, mas deve ser desenvolvida no crente para que ele possa ministrar a outras pessoas em nome de um Deus amoroso.



sábado, 15 de dezembro de 2012

Fruto do Espírito – LONGANIMIDADE






A longanimidade engloba a paciência, persistência, constância e permanência. É uma resposta ativa à oposição, e não uma resignação passiva ao inevitável. Uma palavra importante tanto no hebraico quanto no grego, “longanimidade” é um atributo de Deus (Sl 86.15), parte do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22) e uma atitude que todas as pessoas devem ter (1ª Co 13.4)

O apóstolo Paulo orou para que seus amigos colossenses tivessem perseverança, longanimidade e alegria (Cl 1.9-12). Paciência (Gr. Hupomone, lit. “suportar debaixo de”) significa colocar-se sob um fardo ou aflição e transformá-lo em glória. Essa palavra para paciência é mais frequentemente usada para pessoas. O povo de Deus deve ser paciente com os outros, especialmente ao enfrentar adversidades. (Rm 5.3-5). A paciência é uma característica do verdadeiro amor. (1ªCo 13.4,7)

A longanimidade é uma qualidade aplicada com mais frequência a Deus. Seu significado original é “afastar a fúria enquanto se sofre uma ofensa ou injustiça”. Somente Deus pode ser completamente longânimo. Somente ele é “tardio em irar-se”. No entanto, os cristãos também podem se tornar longânimos pelo poder do Espírito Santo. Aqueles que andam no Espírito desenvolvem uma longanimidade que nenhuma circunstância é capaz de destruir e uma paciência que nenhuma pessoa pode frustrar.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Fruto do Espírito - PAZ









Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a paz e descrita como resultado de termos uma relação correta com Deus e com os outros. A palavra grega eirene tem um sentido semelhante à palavra hebraica shalom.

A paz espiritual descreve um sentimento de bem-estar e satisfação que vem de Deus e depende unicamente de sua presença. Ela é experimentada por qualquer cristão que anda no Espírito a despeito do tumulto que o cerca. A verdadeira "paz de Deus" protege os corações e as mentes dos crentes de preocupação, medo e ansiedade. Ela transcede toda a lógica e entendimento. O Deus de paz que oferece a salvação, também promete sua presença e poder nas vidas de seus filhos e filhas. Sua presença cria em nós confiança, apesar das circunstâncias, pessoas e coisas.


Embora seja impossível de compreender totalmente a verdadeira paz é fruto do Espírito Santo e faz parte da "armadura de Deus". De acordo com o apóstolo Paulo, nossa compreensão e experiência do evangelho produzem a paz que nos permite caminhar corajosamente enfrentando a batalha espiritual e sobreviver a todas as formas de dificuldades e perigos. Aquele que crê recebe paz de Deus como uma virtude do viver santo e uma proteção contra as forças do mal. Onde a paz de Deus está presente, não há lugar para a preocupação.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Fruto do Espírito - Alegria

Continuando nossa meditação sobre o fruto do Espírito, meditaremos sobre ALEGRIA/GOZO.




Várias palavras hebraicas e gregas são usadas na Bíblia para transmitir o conceito de alegria. Na realidade, a palavra "alegria" é encontrada mais de 150 vezes nas escrituras.

A alegria vem de Deus como resultado da fé e da obediência (Jo 15.10-11; Rm 15.13). A abundância de alegria está em proporção direta com a intimidade e a perseverança da caminhada crente com o Senhor. O pecado na vida de um cristão pode roubar-lhe a alegria (Sl 51.8,12). A Verdadeira alegria é evidente quaisquer que sejam as circunstâncias. A mulher cristã cheia do Espírito Santo continua a regozijar-se mesmo em meios as aflições (Tg 1.2-3). A alegria bíblica é claramente diferente dos prazeres mundanos e temporais que estão ligados à circunstâncias.

O propósito da alegria é proporcionar bênçãos ao Cristão. A alegria o capacita a apreciar todas as bênçãos dadas por Deus - saúde, família, amigos, oportunidades e salvação. À medida que o crente experimenta verdadeira alegria, ela pode, então, ser repartida com outros (Rm 12.15).

Alegria abundante é um fruto do Espírito Santo para aqueles que caminham em fé.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Fruto do Espírito - Amor


O tema: avivamento, batismo no Espírito Santo, dons espirituais, sempre foi um tema de muita importância, relevância e muito comentado em nossos púlpitos.
Sempre que medito sobre isso, lembro-me de que antes de operar ATRAVÉS da minha vida com os dons espirituais, o Espírito Santo deseja operar EM MINHA VIDA. Pensando nisso, trago ao blog uma meditação sobre o fruto do Espírito. Se temos o Espírito, temos que cedo ou tarde, viver no Espírito e em consequência agir no Espírito, dando o fruto do Espírito. 
Sendo assim, começaremos a meditar hoje sobre o mais excelente: o AMOR.




Tanto em hebraico (ahab) quanto em grego (agape), palavras traduzidas como "amor" indicam ação, designando atitudes conscientes em nome de um ser amado. Entretanto, o amor bíblico parece exigir que se vá além de um mero comportamento específico para dar lugar a uma certa atitude interior, isto é, uma resposta interior positiva.
Enquanto várias palavras gregas descrevem formas específicas de amor, a palavra agape quase sempre expressa o amor de Cristo, o amor altruísta. O interesse generoso, leal e benevolente pelo bem-estar de alguém é chamado por Paulo de "o maior" entre todos os dons. O amor CRISTão é um fruto do Espírito Santo, uma virtude da vida cristã.
Os atributos do amor refletem tanto sentimentos quanto atitudes amorosas. O amor verdadeiro é caracterizado como:

  1. Paciente e tardio em irar-se
  2. Benigno e manso com todos
  3. Altruísta e generoso
  4. Verdadeiro e justo
  5. Esperançoso e motivador
  6. Duradouro, jamais acaba.
O amor bíblico não é invejoso, orgulhoso, egocêntrico, rude ou insolente.
Sem amor, os dons do Espírito são considerados sem valor e o fruto do Espírito, incompleto. O amor cristão é eterno. Enquanto todo o resto falha, o amor nunca falha. Ele é um interesse permanente e incondicional pelos outros que resulta do poder inerente ao Espírito Santo, e não do esforço ou desejo humano.

Leitura: 1º Coríntios 13.

(Bíblia de Estudo da Mulher)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Como Jesus cuidava das pessoas - Parte II





Cuidado-iconoclasta

O convite para se deixar amar nos leva para outra questão – qual é a imagem de Deus que construímos em nós? O terceiro mandamento, de não fazer para si imagens de Deus, tem de ser compreendido também simbolicamente: talvez não façamos esculturas de pedra ou metal, mas por vezes construímos imagens mentais de Deus mais duras que a rocha, tão frias que impedem que nós e as pessoas ao nosso redor percebam o amor do Pai.

No templo de Jerusalém, o lugar da morada de Deus – o Santo dos Santos – era completamente escuro. Lá dentro acontecia o encontro com o Sagrado. Será que conseguimos nos despir das velhas imagens e encontrar Deus totalmente no escuro? Foi o que Maria fez ao aceitar a proposta aparentemente “indecente” do anjo de ficar grávida enquanto noiva, e dizer: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Para experimentar a ausência de imagens, imagine-se caminhando de olhos vendados durante alguns minutos. Qual a sensação? Que temores e fantasias sobrevêm?

É difícil abrir mão das representações visíveis e seguras, ligadas a buscas de consolo durante o desamparo infantil. O convite da escuridão é para abandonarmos os canais de percepção costumeiros e nos abrirmos para outros modos de escutar, cheirar, tatear e saborear a presença de Deus.

O desafio maior será convidar outras pessoas a fazerem o mesmo, sem precisar que adorem a imagem mental esculpida por nós. Cuidar do desenvolvimento espiritual não é mostrar a nossa representação de Deus para o outro – isto somente Jesus podia fazer com fidedignidade – mas ajudar esta pessoa a se abrir para que Deus mesmo se revele pelo seu Espírito. O Espírito testifica ao nosso espírito quem é Deus.

Por causa destes riscos é muito arriscado nos fixarmos em práticas definidas por “aconselhamento” – estas implicam muitas palavras da nossa parte; Maria disse: que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer, mostrando abertura para o novo.

Em psicanálise encontramos o alerta para que o terapeuta não influencie a pessoa com seu desejo, pois ela está depositando nele muito do seu amor e ódio infantil – está “transferindo” sobre ele estes sentimentos antigos, em clima de muita dependência. Isto coloca o terapeuta num lugar de muito poder e responsabilidade, e é preciso lidar com cuidado com este feixe de afetos.

Richard Rohr ressalta que o Deus-Pai do filho pródigo se parece mais com uma mãe – sempre disposta a acolher e perdoar. O autor conclui que muitas atitudes de Jesus se mostram mais próximas do universo feminino que do masculino, e justamente por aparecerem em um homem que é surpreendente: untar o olho do cego com saliva e barro, tocar a língua com saliva, contar parábolas sobre situações domésticas, como fermento, lâmpada, se alegrar com as vizinhas, acolher o filho que estava perdido.

Considerando esse resgate das dimensões femininas do Evangelho, podemos nos perguntar: permitimos que nossa ternura seja usada para expressar os aspectos mais maternos de Deus? Encarnamos o “Enxugar toda lágrima do olho”; o “colocar debaixo das asas como uma galinha”, o “deixar a alma amamentada”?

Deus nos encontra no escuro das crises, e também ele próprio, através do seu Filho, passou por situações de extrema escuridão e desamparo. Cabe perguntar: quando estamos conversando com uma pessoa feita à imagem e semelhança de Deus, deixamos que nossa fala e gestos remetem ao processo materno de cuidar? 

Pela psicanálise, este é o caminho para o desenvolvimento da capacidade de gerar vida. Para crescer, a menina precisa abandonar a fantasia infantil de casar com o pai, renunciando a tê-lo exclusivamente para si. Ali inicia um longo caminho que consiste em voltar-se novamente para a mãe e identificar-se com ela e com sua fecundidade. Desta forma, a menina solidifica as características femininas e forma a base para crescer como mulher e mãe.

Para o menino, o desafio consiste em renunciar a pretensão infantil de ter exclusividade do amor da mãe, e passar a se identificar com o pai e a desenvolver afetos mais maduros para com ambos. Alguns estudiosos apontam que o homem estaria mais inteiro se resgatasse sua ligação de ternura com a mãe, pois assim não precisaria mais desvalorizar o feminino como defesa perante ela. Se a característica divina de misericórdia se apóia na raiz da palavra útero, há um percurso a fazer no homem e na mulher, no resgate da capacidade procriadora e geradora.

Será que no desenvolvimento da fé madura conseguimos que a representação de Deus faça este longo caminho? Permitimos unir aos aspectos mais racionais também ao nosso afeto? Deixamos que nosso ser – tanto homem quanto mulher – se vista de misericórdia? Desenvolvemos estas qualidades de Jesus para que possamos cuidar amorosamente dos outros?

Nossa vida emocional está fundada em representações; o mandamento de não fazer imagens de Deus é uma tarefa impossível no plano mental, mas podemos nos conscientizar destas imagens ligadas à nossa história infantil e transformá-las, ao chegarmos sempre mais a Deus e conhecermos melhor quem ele é. Neste sentido ajudam fala e o conhecimento dos próprios impulsos e ideias. Tornar consciente nossa representação de pai e de mãe, inclusive com suas deformações, pode ser um fator libertador, pois possibilita mudanças nos relacionamentos com o mundo interno e externo.

O cuidado cristão, isto é, o cuidado em nome de Cristo, trabalha para tornar consciente o amor que se escondeu em meio aos temores infantis, e assim possibilita que se chegue a imagens de Deus menos ligadas aos medos da retaliação e castigo. O cuidado cristão quer ajudar a aprofundar a ligação com o ABA-PAI – paizinho.

O pastor Oscar Pfister comentava que o acolhimento amoroso de Deus na parábola do filho pródigo mostrava uma regressão para aquela fase infantil quando a criança ainda não é tratada segundo o bem ou o mal que praticou, mas simplesmente é tratada com amor e bondade. São tempos nos quais pai e mãe apenas cuidam, sem impor condições. Este cuidado básico, cuidado-matriz, se situa no tempo e no espaço próximo à matriz-útero, e é a forma que melhor representa a misericórdia de Deus.   

(Bíblia de Estudo - Conselheira)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Como Jesus cuidava das pessoas. Parte I




Amor Surpreendente

Uma das características do cuidado que Jesus praticava era o de surpreender a pessoa com suas atitudes – relembrem Marta e Maria, Zaqueu, a mulher que ungiu Jesus, a samaritana no poço. Isto quer dizer que Ele não se deixa prender pelas expectativas que as pessoas projetam sobre Ele.


Com este surpreender, Jesus traz para frente o que estava na margem: a “boa parte” de Maria, irmã de Marta; o coração sofredor de Zaqueu; o amor da mulher que o ungiu; a sede interna da mulher do poço. Mostrar o que está oculto lembra as parábolas que Jesus contou sobre encontrar o que estava perdido.

As ações de Jesus Cristo consagram-no como aquele que cuida de nosso ser, e resgata em nós o que estava perdido, oculto pelas aparências, pelas defesas. Podemos dizer que Jesus ressalta coisas que as pessoas já não percebem mais. Mas atenção: o cuidado de Jesus não é no sentido de revelar o pecado oculto; não, muito pelo contrário: seu alvo é revelar o afeto que estava oculto – a capacidade de amar, a sede de ser amado – como em todos aqueles exemplos.

Como conseqüência, o pecado até parece, mas em outra dimensão que não a da acusação: o pecado é ligado com o amor oculto, interpretado como desvio do alvo original, como tentativa falhada de buscar o que faltava – este é o significado do dinheiro de Zaqueu e dos maridos da samaritana.

Na psicanálise se diz que a cura acontece quando o sintoma é ligado ao conteúdo que estava reprimido, porque dessa forma o sintoma perde o sentido. Algo semelhante acontece com as pessoas que são cuidadas por Jesus: Zaqueu devolve o dinheiro, a samaritana sabe que tem sede, Marta reorienta seu desejo de adorar pelo servir.

O cuidado pela via do amor desmancha a carcaça de defesa que estas pessoas montaram ao redor de si e, desta forma, “pega-as pelo contrapé”. Pode-se imaginar o que teria acontecido se Jesus tivesse ido pelo caminho – infelizmente muito comum nos meios cristãos – de denunciar diretamente o pecado: como seria a conversa com Zaqueu? E com a mulher do poço? Teria levado a este impacto? Resultaria em mudança de vida?

Mas o que estava por trás da atitude de Jesus? Será que é algo que podemos aprender, ou faz parte de capacidades sobrenaturais que só Ele tem?

O evangelho de João registra na oração de despedida de Jesus uma espécie de resumo do seu ministério e do que realmente importa: a vida eterna é esta: que eles conheçam a Ti, que és o único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao mundo (Jo 17.3). O cuidado ministrado por Jesus tinha como objetivo maior revelar a Deus como aquele que tem o poder de reconectar a pessoa com sua essência e, desta forma, saciar a sede interior. Jesus não usava seu tempo para revelar o pecado em si, mas para mostrar o amor do Pai, e deixar que a percepção deste amor iniciasse a restauração e livrasse as pessoas dos caminhos insensatos.

Na verdade, muitas pessoas têm dificuldades em receber e dar amor. Este olhar crítico é característico de uma das doenças mais comuns dos tempos atuais: a neurose obsessiva. Teoricamente, trata-se de uma pessoa que regrediu na sua forma de lidar com o amor. Isto porque experimentou impulsos amorosos e agressivos intensos, que foram sentidos como ameaçadores, a ponto de precisarem ser reprimidos. Da combinação do amor reprimido e das defesas contra o reaparecimento do mesmo, resultaram estas características estranhas: a pessoa trata a si própria com rigor torturante, preocupando-se até as minúcias para cumprir regras, acusa-se de tudo nos mínimos detalhes, controla a si e aos outros, leva tudo para o plano intelectual, e assim não sente nem expressa afeto.

Essa deformação neurótica também contamina a religiosidade: em vez de amor e alegria, há controle, repressão, medo do pecado, sufocamento do afeto, culpabilização de si e dos outros. Esse quadro combina com as denuncias feitas por Jesus contra os fariseus, a quem chamou de “sepulcros caiados” – pessoas que sufocaram os impulsos e descoloriram sua vida. Por dentro há morte, há enrijecimento de vida, restando apenas o controle mecânico e o apego às regras. Esta é uma forma de distorção do amor. A religiosidade obsessiva, tão controladora de si e dos outros, expressa doentiamente, na forma de sintoma, a perda da conexão íntima com o “Aba Pai”, o pai querido.

O cuidado de Cristo, portanto, quer ajudar você a perceber o amor do Pai e a reconectar-se com esta fonte de amor maior. Neste sentido Jesus se apresenta como via de religação: Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim. (Jo 14.6).

Bíblia de Estudo - Conselheira.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Controlando sua língua



Para quase todos nós a fofoca não é novidade. Já a ouvimos, espalhamos e fomos vitimas dela. Os boatos são perigosos, pois as pessoas não se sentem responsáveis por aquilo que simplesmente passam adiante, tornando a prestação de contas e o controle dos estragos muito mais difícil. A fofoca varia desde conversas de natureza pessoal, sensacionalista ou íntima, até declarações que difamam ou prejudicam a reputação ou o bem-estar de uma pessoa. Muitas vezes, nossas conversas são repletas de julgamentos. O Senhor coloca fofoqueiros na mesma lista que os pérfidos, ímpios, homicidas e os aborrecidos de Deus. E a Bíblia deixa claro os estragos e as consequências da fofoca e da maledicência.

A ira de Deus pode ser provocada não apenas por mentiras, mas também pelo relato de fatos parcial ou inteiramente verdadeiros. Compartilhar qualquer coisa sobre uma pessoa que não ajude nem edifique pode ser considerado fofoca. Deus tem seus próprios planos para lidar com alguém em pecado. Se estamos preocupados com a situação eterna de uma pessoa que pecou, devemos nos dirigir diretamente a ela, a fim de começar um processo paciente de restaurá-la a Deus. Ouvir fofoca é tão errado quanto espalhar comentários prejudiciais. A pessoa espiritualmente madura controla sua lingua. A fofoca e a maledicência são instrumentos de Satanás.

Ao falar sobre o tipo de vida que as mulheres maduras devem ensinar às mais jovens, Paulo inclui uma advertência sobre a maledicência e admoesta as mulheres a não acusarem outras, refreando-se, portanto de agir de forma diabólica em seus relacionamentos. Não há espada mais afiada do que palavras maldosas.
A fofoca nunca é um ato de bondade: ela deprecia a pessoa sobre a qual estamos falando, degrada qualquer cristão que se dispõe a fazer tal coisa e serve de tentação e laço para qualquer ouvinte que participa desse ato insensível.

(Bíblia de Estuda da Mulher)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Adorando como corpo...



por Bob Kauflin








 
O salmista declara, “Alegrei-me quando me disseram, ‘Vamos à casa do Senhor! ’” (Sl 122.1; ênfase minha).  Distrações mundanas, teologia ruim, ou o pecado que habita em nós podem nos fazer perder de vista  por que nós devemos estar alegres quando nos encontramos para o Dia do Senhor.  Podemos até começar a pensar que nossas devocionais individuais são um substituto adequado, se não superior, no que diz respeito a ir à Igreja.

Claro, tanto a adoração individual quanto a coletiva são vitais para o nosso relacionamento com Deus, mas existem algumas razões para o escritor de Hebreus nos admoestar a não seguir o “hábito de alguns” de negligenciar se encontrarem com outros (Hb 10.25). Aqui estão algumas dessas razões:

OBEDIÊNCIA À PALAVRA DE DEUS

Enquanto Hebreus 10.25 diz diretamente que não devemos negligenciar nos encontrarmos uns com os outros, o repetido uso da frase “quando vocês se encontrarem” por Paulo, em 1 Coríntios 11 e 14, indica que os Coríntios se reuniam em assembleia regularmente.  Ele muitas vezes se refere à igreja na casa de fulano e sicrano, e nós podemos assumir que ele não falava da igreja como uma estrutura física, mas como pessoas que regularmente se encontravam naquela casa.

O ESPÍRITO TRABALHANDO ATRAVÉS DOS OUTROS

Nós devemos ser capazes de nos encorajar no Senhor através do estudo da Bíblia, oração e adoração com músicas, mas Deus também nos ordena explicitamente a estarmos uns com os outros. “O olho não pode falar para a mão, ‘Eu não preciso de você’, ou a cabeça ao pé, ‘Eu não preciso de você’” (1 Co12.21). Ninguém tem todos os dons. Deus não trabalhará em mim através de dons como pregação, encorajamento, compaixão, liderança e fé, se eu não estiver presente para experimentar esses dons.

SERVINDO EM AÇÃO E ATITUDE

Quando eu canto a Deus, oro, ou leio as Escrituras sozinho, eu estou sendo abençoado. Quando eu faço isso com outros, posso ser um meio de demonstrar as variadas formas da graça de Deus para com eles (1 Pedro 4.10). Meu semblante e entusiasmo , assim como o desenvolvimento dos meus dons espirituais, são todos caminhos em que eu posso apontar pessoas para a grandiosidade do Deus que adoramos. Colossenses 3.16 nos diz que cantar é um dos jeitos de ensinar e admoestar uns aos outros. Isso requer muito mais do que cantar sozinho com meu iPod.

MANIFESTAÇÃO DA PRESENÇA DE DEUS

Enquanto tratava da preferência dos coríntios por certos dons espirituais, Paulo nota como esses dons podem alertar um incrédulo sobre a presença de Deus. David Peterson escreve: “1 Co. 14.24-25 sugere que Deus está presente de um jeito distinto nas reuniões cristãs através da Sua Palavra  e pela operação do Espírito” (Engaging with God, 196) . Sem fazer encontros experimentais com Deus como nosso objetivo primário, nós devemos esperar que Deus nos faça mais conscientes da Sua presença quando nos encontramos com outros.

A VOZ DE DEUS ATRAVÉS DA PREGAÇÃO

A tecnologia nos permite ouvir sermões que perdemos ou mensagens de igrejas das quais não frequentamos, mas quando a igreja se reúne em um lugar e em uma mesma hora para ouvir a Palavra de Deus proclamada, é um evento único. O próprio Deus nos chama de Seu povo. O Espírito trabalha nos nossos corações para convencer, confortar, iluminar e exortar. Nós ouvimos a voz de Deus através de pessoas  e somos transformados.

DEMONSTRANDO A UNIDADE NO EVANGELHO

Ser um em Cristo é mais do que se encontrar regularmente em uma sala, mas não é menos. Cantar canções, recitar crenças e ler as Escrituras juntos é um jeito de declarar a mim mesmo e aos outros que eu faço de um templo santo, não apenas  um tijolo aleatório ou uma pedra solta (Ef 2.19-22). “A proclamação cristã pode fazer o evangelho audível , mas cristãos juntos em congregação tornam o evangelho visível (veja João 13.34-35)” (Mark Dever, The Church: The Gospel Made Visible, p. xi).

MORRENDO PARA VOCÊ

Vamos encarar – é muito mais fácil adorar a Deus sozinho do que com outras pessoas. Os encontros na igreja nos introduzem  a muitos agravantes, como estacionamento insuficiente, pessoas sentando no meu lugar, vozes desagradáveis, músicas que eu não prefiro e pessoas problemáticas. Mas é isso que torna esses encontros oportunidades ideais para cultivar a humilde atitude de Cristo (Fl 2.1-5) e morrer para nós mesmos.

ANTECIPAÇÕES DO CÉU

Quer saber como vai ser o céu? Vá à igreja. A cantoria pode não ser tão estelar quanto, o número pode estar drasticamente reduzido, as pessoas podem ter vindo de uma mesma etnia, mas Hebreus 12 diz que nós já chegamos à “Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; a universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos no céu, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados ; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança” (v. 22-24). Jesus nos trouxe para perto do Pai através do Sua obra expiatória consumada no Calvário. Podemos nos achegar  com ousadia junto ao trono da graça do Seu povo (Hb 10.19-22). Isso é o céu.

Então, da próxima vez que você for tentado a pensar que faltar o culto de domingo não vai doer, lembre-se do que você estará perdendo. E agradeça a Deus por você ter o privilégio e a liberdade de desfrutar da adoração coletiva com o corpo de Cristo toda semana. 

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Quero, fica limpo!




por Alex Daher




“Um leproso aproximou-se dele e suplicou-lhe de joelhos: ‘Se quiseres, podes purificar-me!’” (Marcos 1.40)

Jesus despertava grande atração nos doentes. Cegos, paralíticos, leprosos. Doenças de todo tipo e gravidade. E como se não bastasse o sofrimento físico, muitas dessas doenças também os deixavam cerimonialmente impuros. Perdiam o direito de entrar no templo e outros lugares públicos. Ninguém podia tocá-los, sob pena de se tornarem impuros também. Viviam, portanto, marginalizados, completamente alheios à vida social, familiar e religiosa de Israel. O destino quase certo deles era viver como pedintes nas ruas. A liderança judaica os considerava amaldiçoados. Era uma vida solitária, dura e sofrida.


Jesus era a única esperança desses excluídos. A única chance de ter uma vida de verdade. A fama de Jesus corria por toda a região e muitos sabiam que algo de extraordinário estava acontecendo na história através daquele homem. Aonde Jesus ia, uma multidão a sua volta se formava. A doutrina e as curas de Cristo deixavam o povo maravilhado. E a partir do momento em que as notícias sobre aquele Mestre que ensinava com autoridade chegava aos ouvidos dos doentes, eles passavam a buscar uma oportunidade de se aproximar dele para implorar pela cura. Esse era o sonho de cada doente em Israel. Dormiam e acordavam pensando: “Será que terei pelo menos uma chance de chegar perto dele?”


O dia daquele pobre homem leproso havia chegado. Ajoelhado, ele mira os olhos de Jesus e diz: “Se quiseres, podes purificar-me!”. Ele sabia que sua vida estava nas mãos de Jesus. Movido por profunda compaixão (v. 41), Jesus toca o impuro e declara sua vontade: “Quero, fica limpo!”. Imediatamente a lepra desapareceu (v. 42). O reino de Deus estava entre os homens, e nenhuma doença ou demônio jamais ousou desobedecer à voz do Rei soberano desse reino. O poder da Palavra Criadora e Eterna que fez todas as coisas (Gênesis 1.3; João 1.3) é o mesmo poder que elimina o mal. O homem estava curado. Uma nova vida estava diante de seus olhos. A esperança foi ressuscitada no coração do leproso purificado.

Mas a cura física daquele homem nos lembra de outra realidade. Temos uma doença infinitamente mais grave que a lepra. Uma doença hereditária que se manifesta desde o nascimento. Uma doença mortal que afeta nossa vida e aqueles que convivem conosco. Afeta não apenas nosso corpo, mas cada parte de nossa alma. Uma lepra espiritual que destrói muito mais que qualquer doença na pele e tem consequências eternas. O pecado. E assim como a única esperança para o leproso era Jesus, do mesmo modo Ele é nossa única esperança de purificação da doença maligna do pecado. Apenas Ele pode olhar para nós com misericórdia e dizer: “Quero, fica limpo!”. O pecado não obedece à voz de mais ninguém. Jesus disse que “os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Mc 2.17). Ele dividiu as pessoas em apenas duas categorias: os sãos e os doentes. Em qual grupo você está? Os “justos” não têm ouvidos para ouvir. Somente pecadores ouvem a doce e firme voz do Médico-Rei dizendo: “Quero, fica limpo!”, e são imediatamente curados.

Você se sente sujo por causa do seu pecado? Sua consciência tem o acusado? A culpa do pecado ainda permanece nos seus ombros? Não ignore esses sinais. Admita o pecado e seja curado. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça”. (1João 1.9). Faça como o leproso, ajoelhe-se diante dEle e suplique: “Se quiseres, podes purificar-me”. Ele pode purificá-lo. Lave-se no sangue do Cordeiro de Deus, e você ficará mais branco que a neve. Nada é mais libertador do que ser purificado por Jesus! Lembremo-nos hoje e sempre que, assim como o leproso, não temos poder em nós mesmos para sermos curados. Se você está purificado, isso se deve tão somente ao homem-Deus que um dia olhou para sua terrível enfermidade e, pela graça, disse: “Quero, fica limpo!”

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Centrados no Evangelho





Evangelho


A primeira coisa que precisamos fazer é definir evangelho. Em nossa igreja nós temos uma forma conveniente de fazer isso usando uma mão e que todas as crianças entendem. Tenho certeza que você poderia ir até praticamente qualquer criança na igreja, perguntar “o que é o evangelho?” e ouvir essa resposta: “Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou”. Quando falamos sobre isso durante os cultos, nós acompanhamos um pouco de ação. Começamos com um punho fechado e com cada uma das cinco primeiras palavras abrimos um dedo. “Cristo…morreu … pelos… nossos… pecados”. Então, com a mão aberta, a levantamos e dizemos “e ressuscitou!” E isso é o evangelho. É claro que o evangelho pode ser tão simples como essas sete palavras ou tão complexo como muitos volumes de textos teológicos. Mas a essência do evangelho está ali: Jesus Cristo foi condenado à morte como propiciação pelos nossos pecados e foi ressuscitado para a vida.

Centrado no Evangelho

Viver uma vida centrada no evangelho é simplesmente viver de tal modo que este evangelho seja central. Assim, quando qualquer tipo de situação surgir podemos dizer, “Como o evangelho se aplica a esta situação?” Quando eu estou lidando com um pecado particular ou uma tentação, eu posso perguntar: “Como posso aplicar o Evangelho a este pecado?” Quando Estou confuso sobre criação de filhos, posso perguntar: “O que o Evangelho me diz sobre a minha tarefa de paternidade?” A realidade fundamental da vida cristã é esta: Cristo morreu por nossos pecados e foi ressuscitado. Assim, todo o resto flui para fora do evangelho e que cada pergunta seja respondida em referência a ela.

Eu gosto de frases como essa de Joe Thorn: “A vida centrada no evangelho é aquela em que o cristão experimenta uma crescente dependência pessoal do evangelho para protegê-lo de confiar em seu próprio desempenho religioso e ser seduzido e dominado pelos ídolos”

Joe aponta quatro frutos de uma vida centrada no evangelho:

Confiança (Hb 3:14; 4:16)

Quando o evangelho é central em nossas vidas, temos confiança diante de Deus – não por causa das nossas realizações, mas por causa da expiação de Cristo. Nós podemos nos aproximar de Deus sabendo que ele nos recebe como seus filhos. Nós não permitimos que os nossos pecados nos prendam em culpa e desespero, mas sua presença em nossa vida nos obriga a fugir constante a Cristo pela graça que restaura o nosso espírito e nos dá força.

Intimidade (Hb 7:25, 10:22, Tg 4:8)

Quando o evangelho é central em nossas vidas, temos e mantemos intimidade com Deus, não por causa de nossa atuação religiosa, mas por causa do ministério sacerdotal de Jesus. Sabemos que Jesus é o nosso mediador diante de Deus Pai e nos deu perfeita paz com Deus por meio de seu sacrifício que nos permite aproximar de Deus com a expectativa ansiosa de receber graça, e não julgamento.

Transformação (2 Co 3:18;. 1 Ts 5:23;. 2 Ts 2:13).

Quando o evangelho é central em nossas vidas, experimentamos transformação espiritual, não apenas uma melhoria moral, e essa mudança não acontece por nossa força de vontade, mas pelo poder da ressurreição. Nossa esperança de nos tornarmos aquilo que Deus planejou e deseja não está em nos esforçarmos mais, mas em confiar mais – confiar em sua verdade e no Espírito para nos santificar.

Comunidade (Hb 3:12, 13; 10:25; 2 Tm 3:16, 17)

Quando o evangelho é central em nossas vidas, desejamos e encontramos unidade com outros crentes na igreja local, não por causa de uniformização cultural, mas por causa da nossa fé comum e Salvador comum. É dentro desta comunidade de aliança, se a própria comunidade for centrada no evangelho, que nós experimentamos o tipo de companheirismo que reconforta os aflitos, corrige os rebeldes, fortalece os fracos e encoraja os desanimados.

Se uma pessoa ou igreja é centrada no evangelho, quer dizer que há outras coisas em torno das quais ela não está organizada. Não é centrada na tradição (como, talvez, igrejas fundamentalistas possam ser), não é centrada no pragmatismo (como igrejas em crescimento são muitas vezes), não é culturalmente centrada como são tantas igrejas hoje. É o evangelho que fica no centro da igreja ou do crente.

Então, na minha experiência, um cristão centrado no evangelho é simplesmente o cristão que está sempre olhando para o evangelho como o poder de mudança, que está mantendo o evangelho como ponto de referência. Não importa a situação, ele está olhando para o evangelho e perguntando: “Como o evangelho se aplica a isto?”



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O velho violino




por Breno Isernhagen




Era uma sala bem iluminada, com decoração aconchegante e pessoas sofisticadas circulando entre objetos raros e caros. Várias cadeiras cuidadosamente arrumadas em filas, prontas para o grande leilão que estava para começar.

Esquecido em um canto, entre quadros e porcelanas, descansava um velho violino. Com a pintura mostrando sinais de uso e seu estojo revelando anos de viagens pelo mundo, o antigo instrumento era ignorado por todos. Todos, menos um senhor de cabelos bem brancos, barba cuidadosamente aparada e terno elegante, que observava aquele objeto com um brilho maroto nos olhos.

Teve início o grande leilão. Lances milionários eram lançados ao ar com a facilidade que as grandes fortunas permitiam. Objetos do desejo de muitos eram arrebatados pelo dinheiro de poucos. Lances vinham, lances iam, chegara a vez do violino.

Apesar dos esforços do leiloeiro, ninguém se interessava por um velho instrumento que parecia ter pouco valor de revenda, muito menos serviria como decoração. Todos continuavam desprezando aquilo que, para eles, era apenas um objeto qualquer. Todos, menos o senhor de cabelos bem brancos, barba cuidadosamente aparada e terno elegante.

Calmamente, ele pediu licença para experimentar o violino, tocá-lo, “só para tirar uma última dúvida” dizia. Então, num gesto reverente e suave, tomou o objeto em uma das mãos, o arco em outra e iniciou uma doce melodia. O que antes era um simples objeto revelou-se pura magia. Aquele violino, tocado pelas mãos de um mestre, passara rapidamente da posição de desprezado para a de objeto de desejo. Nas mãos daquele senhor, libertara seu potencial e encantava a todos com notas de fantasia.

Todos passaram a querer o velho violino, todos desejavam agora possuí-lo. Todos, e também o velho senhor, que não queria nenhum objeto aquela noite, apenas o violino de seus sonhos, aquele que habitara seu coração durante uma vida inteira de concertos e grandes espetáculos, aquele Stradivarius “perdido”, que aparecera jogado em um canto de uma sala de leilão. O lance mais alto naquele dia foi o dele, pois, naquele leilão, onde as pessoas compravam objetos, ele estava comprando seu próprio sonho.


Já se sentiu como este velho violino?

A vida já te jogou num canto escuro, depois de uma vida de surras e melodias mal tocadas?

Em alguns momentos de nossas vidas caímos nas mãos de músicos errados. Tocamos nas dez mais das paradas do sucesso, mas escolhemos as rádios erradas. Procuramos o Carnegie Hall e só o que encontramos foi um palco esquecido num boteco de quinta categoria.

Não é para isto que você foi criado.

Deus nos vê como aquele Senhor de cabelos bem brancos, barba cuidadosamente aparada e terno elegante. Ele conhece tudo o que podemos fazer, porque por Suas mãos fomos feitos. Somos instrumentos criados para tocar Sua melodia.

Mesmo que estejamos esquecidos e empoeirados num canto, velhos violinos surrados por um mau músico que chamamos de mundo, nosso Pai já pagou o lance mais alto do leilão na cruz do Calvário.

Além disso, Deus é multi-instrumentista. Ele não se importa se você é zabumba ou violão, piano ou xilofone, cuíca ou bombardão. Quando o Senhor está fazendo um solo em você, não toca no tom errado, não desafina nem atravessa o ritmo.

Deixe tocar em sua vida a Melodia do Criador. Você pode ser um velho violino, mas tocado pelas Mãos certas, vai revelar seu verdadeiro valor.

Breno Isernhagen

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Perdão - Uma Extensão da Misericórdia de Deus.






Todos os seres humanos são pecadores e, portanto, vítimas das consequências mortais do pecado. Uma vez que o pecado rompe a comunhão entre Deus e a humanidade, o perdão de Deus é sua forma de remover o pecado e restaurar essa comunhão.

Seu perdão é completo, eterno e está sempre disponível. Nas escrituras, esse processo é descrito como limpar, purificar, apagar e lavar. Aqueles que não buscam o perdão de Deus estão sujeitos a serem “riscados do livro da vida”.

Apesar de a Bíblia prescrever funções sacerdotais relacionadas ao perdão, em última análise, o perdão é concedido exclusivamente por Deus. Os sacrifícios eram meios de obter perdão por erros inadvertidos, mas não cobriam os pecados cometidos atrevidamente contra Deus. Todos os rituais associados ao perdão na Bíblia deviam ser acompanhados de contrição e compaixão, e também de penitência e confissão. Os rituais e sacrifícios em si não conferiam o perdão. Devemos nos humilhar, reconhecer nossos erros e escolher deixar o pecado. Ao fazê-lo, Deus dá a cada um de nós um novo coração e espírito, bem como o desejo e a capacidade de guardar os seus estatutos.
Um aspecto enfatizado com frequência é a tradução do verdadeiro remorso em ações práticas. Aqueles que são perdoados deixam de fazer o mal, começam a fazer o bem, inclinam o coração para o Senhor e, em resumo, abandonam o pecado e tomam o propósito de viver em retidão. Isso tudo constitui o “arrependimento”. Quando nos arrependemos, recebemos o perdão de Deus. Ele perdoa o pecado, o remove completamente e não se lembra mais dele.


 

Lucas – 17. 3 e 4.
Bíblia de Estudo da Mulher

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Beleza - Mais do que um rosto atraente.




As escrituras falam com frequência da beleza interior e exterior. Várias mulheres da Bíblia como Sara, Rebeca, Raquel, Abigail, Bate-Seba e Ester se destacam por sua beleza. A rainha Ester passou por um tratamento de beleza. Aliás, o livro de Ester relata um concurso de beleza.
A aparência de uma mulher cristã deve complementar o seu espírito interior e, em nenhum momento, representar um empecilho para o Reino de Deus. A beleza não consiste apenas num rosto bonito ou na última moda. Para uma mulher piedade, a boa higiene, os cuidados com a pele, roupas apropriadas e boas maneiras são meios de apresentar uma aparência exterior agradável que atraia outros para perto dela, dando-lhe a oportunidade de falar de Cristo que habita em seu interior.

O semblante de uma mulher muitas vezes reflete o seu coração. Quando ela permanece no amor de Deus, seus traços tendem a se suavizar e seu rosto espelha a paz de seu interior. Seus atos e atitudes costumam indicar onde estão suas raízes. Quando o seu coração está arraigado na paz e na alegria, a presença do Espírito Santo em seu interior faz seu semblante irradiar vitalidade, entusiasmo, amor e uma sensação profunda de bem-estar – algo que nenhum perfume, maquiagem, estilista, penteado ou condicionamento físico pode criar – e essa mulher se torna atraente para outras pessoas.

A verdadeira beleza nasce do ser interior e se manifesta em motivações puras e num espírito abnegado e generoso para com os outros. Esse manancial de amor só pode ser encontrado em Jesus, quando uma mulher lhe entrega sua vida. Nenhum tratamento de beleza ou roupa da moda é capaz de encobrir um coração feio, palavras maldosas ou atitudes hostis.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O vilão de mil faces





por Kevin DeYoung


Theodore Dalrymple é um dos meus escritores favoritos. Ele é um médico britânico aposentado que trabalhou bastante nos hospitais e prisões do interior. Nessa posição, ele viu e ouviu muitas coisas desagradáveis ao longo dos anos. Em um de seus trabalhos ele fala sobre como costumava acreditar que as pessoas eram basicamente boas (Dalrymple não é um cristão). Ele esteve em países aonde ditadores governaram e pessoas foram massacradas, mas pensava que o mal generalizado seria culpa dos ditadores, e sem eles, não existiria. Gradualmente ele mudou de ideia, depois de ouvir inúmeras histórias de coisas horríveis que seus pacientes haviam experimentado e feito. “Talvez a característica mais alarmante desse corriqueiro, mas endêmico mal, aquele muito perto da concepção de pecado original, é que é espontâneo e não forçado. Ninguém exige que as pessoas o cometam.”


Dalrymple diz que em uma ditadura você pode entender que as pessoas façam coisas más para se protegerem. Mas em um país livre como a Grã Bretanha, ninguém te obriga a ser mau. De fato, muitas vezes você será punido se fizer o mal. E ainda assim, frequentemente, as pessoas escolhem fazer o que é mau. “Nunca mais” ele escreve, “serei tentado a acreditar na bondade fundamental do homem, ou que a maldade é algo excepcional ou estranho à natureza humana” (Our Culture, What’s Left of It, 7-8).

O pecado está em todo coração humano. É o vilão de mil faces. É o homem que engravida uma mulher e foge para outra cidade. É também o respeitável homem de família que deprecia sua mulher e ignora seus filhos. É a mulher mesquinha que fala mal de todo mundo, mas é também a doce senhorita que nunca diz uma palavra indelicada, mas guarda todo tipo de ressentimento e amargura. É aquele rapaz que maldiz seus pais e ataca todos que tentam ajudar. É também a criança que sempre tira notas boas, dorme cedo, sorri para todos na igreja, mas é um enorme pacote de orgulho e auto-justiça.

Pecado é luxúria, cobiça, assassinato. Mas pecado é também impaciência, a teimosia, a necessidade de controlar tudo e todos. Pecado é se odiar porque, em seu orgulho, quer ser o mais bonito, o mais inteligente e o mais atlético. Pecado é ficar revoltado com todas as pessoas que julgam no mundo que você gosta de julgar. Pecado é a autossuficiência que sentimos em nossa intelectualidade esnobe para com aqueles que não são tão iluminados como nós somos, e em nossa estética esnobe para com aqueles que não apreciam as coisas finas que nós apreciamos.

Pecado é pregar e servir e ser um bom cristão porque os outros irão notar e pensar bem de nós. Pecado é falar mais sobre as falhas das outras pessoas do que orar por elas. Pecado é recusar-se a dar um centímetro de misericórdia para aqueles que nos magoam, mesmo quando nos foram dados quilômetros de misericórdia em Jesus. Pecado é amar as pessoas para que elas gostem de você também e ajudar as pessoas para ser aplaudido por eles. Pecado é a preguiça que chamamos de déficit de atenção, o temor ao homem que chamamos de ansiedade e o ignorar a Deus que chamamos de ocupação e falta de tempo.

Nós precisamos desesperadamente da palavra “pecado” em nosso vocabulário. Quando um famoso político ou atleta peca, a mea culpa é sempre na linguagem do “me desculpem por ter desapontado tantas pessoas”. Ou “ eu me arrependo do meu erro de julgamento”. Ou, “Eu admito que tem sido uma luta árdua para mim e eu estou buscando ajuda”. Raramente se diz “Eu pequei, me desculpem, por favor, me perdoem”. Mesmo como cristãos nós buscamos maneiras de evitar a palavra “pecado”. Nós vamos falar sobre nossas imperfeições, nossas falhas, nossas inadequações, nossas disfunções, nossas fraquezas, nossas inseguranças, nossos traumas de crescimento. Mas como se não chamamos o pecado de pecado?

Deus tratou como pecador aquele que não tinha pecado para que, por meio dele, pudéssemos ser justos diante de Deus.

A Bíblia diz que o pecado é o problema no mundo. Nós somos rebeldes, traidores e desleais com nosso Rei. Nós somos criaturas ingratas que debocham do Criador. Somos tolos amantes que vão atrás de pessoas e coisas que não satisfazem. Nós temos corações poluídos que gostam do que é mau e não gostam do que é bom, corações corrompidos que buscam glória para si mesmos em vez de Deus. O pecado é a causa do pecado em todos nós.

Exceto por Cristo, é claro. Deus tratou como pecador aquele que não tinha pecado para que, por meio dele, pudéssemos ser justos diante de Deus. O pecado pode ter mil faces, mas a salvação tem apenas uma.



sábado, 20 de outubro de 2012

Culto de adoração, ou um passeio ao clube?

Charles H. Spurgeon
Trecho do sermão pregado na manhã do dia do Senhor
de 7 de outubro de 1888,
no Metropolitan Tabernacle, Newington, Inglaterra.

Os homens parecem nos dizer: "Não há qualquer utilidade em seguirmos o velho método, arrebatando um aqui e outro ali da grande multidão. Queremos um método mais eficaz. Esperar até que as pessoas sejam nascidas de novo e se tornem seguidores de Cristo é um processo demorado. Vamos abolir a separação que existe entre os regenerados e os não-regenerados. Venham à igreja, todos vocês, convertidos ou não-convertidos. Vocês têm bons desejos e boas resoluções: isto é suficiente; não se preocupem com mais nada. É verdade que vocês não crêem no evangelho, mas nós também não cremos nele. Se vocês crêem em alguma coisa, venham. Se vocês não crêem em nada, não se preocupem; a 'dúvida sincera' de vocês é muito melhor do que a fé".

Talvez o leitor diga: "Mas ninguém fala desta maneira".

É provável que eles não usem esta linguagem, porem este é o verdadeiro significado do cristianismo de nossos dias. Esta é a tendência de nossa época. Posso justificar a afirmação abrangente que acabei de fazer, utilizando a atitude de certos pastores que estão traindo astuciosamente nosso sagrado evangelho sob o pretexto de adaptá-lo a esta época progressista.

O novo método consiste em incorporar o mundo à igreja e, deste modo, incluir grandes áreas em seus limites. Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade, eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus, em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus?

Ai de mim! Os limites estão destruídos, e as paredes, arrasadas; e para muitas pessoas não existe igreja nenhuma, exceto aquela que é uma parte do mundo; e nenhum Deus, exceto aquela força desconhecida por meio da qual operam as forças da natureza. Não me demorarei mais falando a respeito desta proposta tão deplorável.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Submissão em Amor




A Bíblia claramente ordena que os crentes se entreguem a Deus – que obedeçam a sua Palavra e se submetam à sua vontade. A entrega não é natural ou fácil, mas uma mulher cristã verdadeiramente experimenta liberdade para viver somente através de sua entrega a Deus. Através de sua ressurreição do túmulo e sua exaltação nos céus, ele ilustra as bênçãos que inevitavelmente acompanham a entrega obediente.
Entrega significa ceder voluntariamente à autoridade de outra pessoa. Para os cristãos, a máxima autoridade está em Deus. As Escrituras ensinam os crentes a se entregarem aos caminhos de Deus. A palavra de Deus deveria sobrepor-se a quaisquer outras autoridades na vida do crente.

A palavra de Deus revela sua natureza, seu trabalho e seus planos. Maria, mão de Jesus, expressou sua obediência à Palavra de Deus quando aceitou seu papel no nascimento do salvador. Total entrega a Deus requer tanto um conhecimento e entendimento do que a Bíblia ensina quanto um compromisso com a obediência aos seus ensinamentos.
Entregar-se à autoridade da Palavra de Deus leva o crente ao desafio de submeter sua própria vontade a Deus. A confiança completa em Deus exige que uma mulher renuncie todos os direitos a fim de direcionar o caminho de sua própria vida. Através da entrega à vontade de Deus, ela afirma que seu Pai celeste a conhece melhor. As aspirações pessoais se tornam secundárias ao plano divino de Deus. Tiago fala sobre o valor prático da submissão. Aqueles que se entregam à vontade de Deus estarão sob o cuidado de Deus.

Além disso, todos aqueles que se entregam acabam envolvidos de alguma forma com o ministério de outros. Os crentes são avisados de que a entrega não é verdadeira até que seja total. As Escrituras exortam os crentes a entregarem TUDO ao Senhor.
Deus convida o crente a se entregar e submeter-se à sua Palavra e vontade. Ele promete guiar, fortalecer e abençoar aqueles que respondem a seu chamado.

 

Bíblia da Mulher

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Parabéns Vovó pelos 96 anos!


 
 
O sentimento que invade o meu coração hoje é GRATIDÃO...
Gratidão por fazer parte da geração que andou e anda contigo, viveu e vive contigo e aprendeu e aprende contigo.

Gratidão por quem você foi e por quem você é.
Gratidão pelo seu amor sempre demonstrado mesmo que nas pequenas atitudes.

Gratidão pela sua dedicação, sempre cuidando de tudo e de todos.
Vovó, é tão lindo te ver aos 96 anos tão cheia de vida, de paz e de esperança.

É tão lindo te ver aos 96 anos com garra, amor e alegria.
Têm dias seu corpo não corresponde tão bem, mais a sua alma está sempre repleta da presença do Pai.

Sou grata por tudo que você me ensinou, mais o maior tesouro que você poderia nos dar, você nos deu, nos ensinou a amar e obedecer a Cristo.
Eu te amo vovó, eu vejo Cristo em seu viver, em seu andar e em seu falar, e isso enche o meu coração de alegria e a minha alma de paz.

Se eu tivesse que te descrever em uma palavra, essa palavra certamente seria RESISTÊNCIA, você resistiu a dores, a perdas, a situações embaraçosas, a tristezas profundas, tudo aconteceu, tudo passou, e você continuou firme... Firmada em Cristo, aquele que tem sido o seu sustento. Sempre feliz e ansiando dias melhores...
Vovó, eu te amo... Intensamente, e não há palavras que possa descrever esse amor e admiração.

Que o Senhor Deus te conceda muitos anos de vida, (pelo menos até os 100), porém, se essa não for a vontade Dele, meu coração continuará grato por quem você é e por seu amor.

Feliz 96 anos!!! Linda demais, perfeita aos olhos do Pai!!!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Entre os evangélicos e o evangelho




O cantor e compositor Gilberto Gil, em sua música Se eu quiser falar com Deus, define muito bem a religião. Segundo ele, esse projeto humano é uma tentativa de “subir aos céus sem cordas pra segurar”. De acordo com os versos do artista baiano, o resultado dessa busca será “nada, nada, nada, nada do que eu pensava encontrar”. Concordo plenamente com Gilberto Gil – tal comportamento chama-se religiosidade, e o único resultado que se obtém dela é a frustração. Isso dá o que pensar no momento em que sabemos que 92% dos brasileiros têm algum tipo de envolvimento com a religião – sendo que mais de 42 milhões deles se declaram evangélicos, segundo o último censo.

A partir destes números, poderíamos definir o brasileiro como um povo altamente religioso, e com um crescente viés evangélico. Ou seja, a religiosidade evangélica tornou-se expressiva no contexto nacional, e se faz presente nos mais variados segmentos de nossa sociedade. No entanto, podemos ser induzidos a dois grandes equívocos na nossa percepção acerca dessa presença e influência. O primeiro é o de acreditar que a palavra de Deus é algo que precisa ser ouvido, compreendido e acolhido somente por aqueles que se encontram do lado de fora das chamadas igrejas evangélicas. A pressuposição básica é a de que os que se encontram dentro de nossos templos – de preferência, vinculados ao rol de membros – estão ali justamente porque já ouviram, compreenderam e se renderam ao Evangelho.

 O segundo equívoco é pensar que a religiosidade evangélica é boa, enquanto as demais formas de expressão religiosa são ruins. Aqui, encontra-se pressuposição de que o simples fato de se denominar evangélico significa que alguém efetivamente vive o evangelho. Consequentemente, não se pondera a possibilidade de a própria religiosidade evangélica ser, de alguma forma, uma espécie de antídoto contra a mensagem do próprio Evangelho. Logo, o Evangelho precisa, sim, ser ouvido, compreendido e acolhido também por pessoas que se encontram dentro de nossas chamadas igrejas evangélicas – isso porque estar dentro de uma dessas igrejas não significa, necessariamente, estar no Evangelho.

O termo religião deriva do latim religare e aponta para um conjunto de crenças, tradições, ritos e normas comportamentais que têm por objetivo primário a conquista (ou reconquista) do favor da divindade por parte do fiel. Ou seja, a religião é algo que se caracteriza pela tentativa do homem de, através de seu próprio esforço e performance, se conectar ou religar com o divino. Bem diferente do projeto religioso é o evangelho. O termo derivado do grego evangelion, significa literalmente “boa notícia”. E o Evangelho é boa notícia por anunciar que o que era impossível aos homens e mulheres, através do próprio esforço religioso, tornou-se possível através da ação graciosa e poderosa do próprio Deus criador. Em Jesus, esse Deus criador vem ao encontro da humanidade para assumir sobre si a consequência da ruptura gerada pela opção errada de nossos primeiros pais.

No princípio, houve um acordo, uma decisão e uma consequência; mas, na cruz, o Deus criador paga o preço da decisão errada tomada pelos nossos ancestrais a fim de anular o resultado do pecado, que nos mantém aleijados de uma relação pessoal com o Senhor.

Assim, agora, todo aquele que crê que Jesus é quem, de fato, disse ser (o próprio Deus criador) e que a obra feita por ele na cruz foi totalmente suficiente para restaurar a relação entre Deus e a humanidade, está definitivamente religado ao seu amor na história e por toda eternidade. Não se trata de confiar nos ritos que fazemos, ou mesmo no comportamento que adotamos, mas sim, na incondicionalidade do seu imenso amor demonstrado na cruz. Aqui, chegamos ao ponto mais importante e preocupante: O que encontramos dentro das chamadas igrejas evangélicas no Brasil? São homens e mulheres que vivem uma relação pessoal e intima com Deus por confiarem plenamente na obra feita por Jesus na cruz? Ou, simplesmente, vemos pessoas, dedicando-se às atividades eclesiásticas, às campanhas de arrecadação financeira e a práticas religiosas de todo tipo, a fim de se sentirem dignos do amor e favor de Deus?

 

Ricardo Agreste
Cristianismo Hoje.