quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Felicidade é café com leite!


Autor: Breno Isernhagen


Formou-se um grande mito em torno da felicidade. Nos disseram primeiro que ela encontra-se fora de nós mesmos. Depois nos disseram que ela é algo grandioso, difícil de ser alcançado.

Felicidade é algo que já está em nosso interior e é despertada não com nossas grandes conquistas, mas com os pequenos detalhes que acompanham não só as grandes, como também as pequenas vitórias de nossas vidas: um sorriso, um beijo, uma música, um “muito obrigado”.

Você ganha um campeonato, mas não se lembra de todos os detalhes da cerimônia de premiação, você lembra do brilho de orgulho nos olhos do seu pai.

Você fecha um grande contrato e nem se lembra de todo o processo de negociação, seu sentimento de vitória vem do orgulho de ter dito a coisa certa, na hora exata.

Felicidade é despertada com um banho frio em um dia de muito calor, cantando alto aquela música brega que ficou em sua cabeça por dias a fio, sem ter vergonha do “que os outros vão dizer”.

Felicidade vem de ouvir o barulhinho que sua aliança faz no corrimão de uma escada, de acordar cedo num domingo e descobrir que pode continuar na cama até mais tarde, vem daquele primeiro gole de chope tomado logo depois que você se livrou daquela gravata apertando seu pescoço.

Felicidade vem de rolar no chão da sala com seu filho, de bater aquele maldito recorde no videogame que você joga sem seu patrão notar, vem de um beijo de sua esposa, agradecendo por ter matado aquela monstruosa barata que estava no box do banheiro, um beijo que te faz sentir o maior dos heróis (Schwarzenegger que se cuide).

Vamos parar de achar que só seremos felizes quando ganharmos na loteria, quando formos promovidos ou quando a nossa sogra parar de se meter em nossa vida. É claro que, se puder escolher, prefiro ser feliz e rico, mas neste caso a ordem dos fatores deve ser exatamente esta: primeiro ser feliz e depois rico.

Vamos parar também de achar que felicidade é encontrada em grandes eventos, pois corremos o risco de entrar num círculo vicioso onde, por não darmos mais valor a nossos pequenos prazeres, façamos com que eles não estejam mais presentes. Aí só ficaremos lamentando não poder mais sentar em volta da mesa da cozinha da casa de nossos pais, tomando uma bela xícara de café com leite e conversar sobre coisas importantes como o tempero do churrasco de domingo, o gosto musical dos jovens de hoje ou quem vai subir no telhado para arrumar a antena.

Felicidade é algo pequeno, mas que nos faz sentir grandes e dignos de ter uma vida memorável.

Felicidade é algo próximo, tão próximo quanto um beijo de “boa noite, durma bem”.

sábado, 27 de julho de 2013

Dinheiro X Mamon


Por Ed René Kivitz

QUANDO O DINHEIRO SE TORNA MAMON

O Novo Testamento dedica 215 versículos para abordar o tema da fé, 218 para tratar de salvação, e 2.084 a respeito de dinheiro.

Jesus adverte que não podemos servir a Deus e a Mamon.

Mamon é dinheiro elevado à categoria de Deus [Jung Mo Sung]

Poucas coisas têm o potencial de substituir Deus como o dinheiro. O dinheiro é o maior ídolo potencial.

Quando o dinheiro é seu escravo, ele se chama dinheiro. Mas quando o dinheiro é seu senhor, ele se chama Mamon.

A escravidão ao dinheiro não é privilégio dos ricos. Há ricos para quem o dinheiro é apenas dinheiro, e pobres para quem o dinheiro é Mamon. Depende da maneira como cada pessoa, rica ou pobre, se relaciona com o dinheiro, e do papel que o dinheiro desempenha em sua vida.

Como saber quando o dinheiro virou Mamon?

Eis uma sugestão de gabarito.

‪#‎voceeescravodeMamonquando‬

1. perde os limites do que é justo e legítimo, e começa a acreditar que pode tudo, desrespeita posses e direitos dos outros;

2. pratica o ilícito para ganhar dinheiro;

3. perde pessoas para ficar com dinheiro em vez de perder dinheiro para ficar com pessoas;

4. precisa consumir para sentir alguma coisa significativa, acredita que os vazios da alma podem ser preenchidos apenas com coisas e experiências que o dinheiro pode comprar;

5. adota a cultura do descartável, e vive de substituições e acúmulo de coisas, experiências e até mesmo pessoas e relacionamentos;

6. deriva sua identidade de suas posses, precisa de coisas e de grifes para sentir que tem valor;

7. quando em nome da aparência e da imagem você perde sua autenticidade, anda na moda e segue tendências ditadas por terceiros, você é o que os outros dizem que você deve ser, você não sabe o que quer, o que de fato gosta, o que realmente pensa;

8. valora as pessoas por suas posses ou aparência de posses;

9. cultiva o sonho da ociosidade, o desejo de ter dinheiro suficiente para parar de trabalhar, considera o trabalho um mal necessário, trabalha apenas para ganhar dinheiro, e acha que trabalho é coisa de pobre;

10. prioriza seu bem estar acima de todos os demais compromissos da vida e em detrimento de todas as pessoas com quem convive; acredita que o dinheiro é o caminho para uma vida de prazer permanente, e que garante a possibilidade de viver sem qualquer preocupação;

11. se considera onipotente e se torna prepotente, ou, acreditando que o dinheiro tudo pode, se torna absolutamente incapaz de lidar com o fracasso e a frustração;

12. não é capaz de conviver com necessidades não satisfeitas e desejos não atendidos, acredita que o dinheiro pode resolver tudo de imediato, como se tudo estivesse à venda na esquina;

13. gasta mais do que ganha, e confunde cheque especial e crédito pré aprovado com receita;

14. tem um padrão de vida que exige sacrifícios exagerados, trabalha demais, mas não por necessidade;

15. é desorganizado, não faz contas, não controla as finanças e vive se endividando;

16. convive com a sensação de que “tudo não é o bastante”;

17. não é capaz de distinguir preço e valor;

18. é egoísta, avarento, não reparte, não empresta, não compartilha, retém tudo apenas para si;

19. não reparte seus bens com os pobres e necessitados; não tem a prática da generosidade e da solidariedade como estilo de vida;

20. não se incomoda com a realidade da desigualdade social, nem se compromete com as causas da justiça.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Talmidim 008 - Unção



As pessoas costumam dizer que Jesus fez o que fez porque ele era Deus. "Ah, se eu fosse Deus, também andaria sobre as águas", é o que geralmente pensam. "Eu também transformaria água em vinho", ou "Se eu fosse Deus, também ressuscitaria os mortos". Mas a grande verdade do evangelho é que Jesus fez o que fez não porque era Deus, embora fosse, mas porque era o homem perfeito, e ser um homem perfeito significa ser um homem absolutamente submisso à ação do Espírito Santo de Deus. Jesus fez o que fez não porque era Deus, mas porque era homem cheio do Espírito Santo.

Nesse sentido, Jesus foi o que Adão deveria ter sido: um homem sem pecado, no mais profundo do significado que a Bíblia atribui ao pecado. Pecado, conforme a bíblia nos ensina, não é simplesmente roubar, matar ou mentir. Pecado é o estado de rebeldia do ser humano contra Deus. A narrativa bíblica registrada em Gênesis diz que o pecado se instala na história humana quando o primeiro casal - Adão e Eva - come da árvore do conhecimento do bem e do mal. "A partir de agora eu cuido da minha vida" é o que o ser humano diz a seu criador. "Você não tem nada a ver comigo, quem vai dizer o que é certo ou errado, o que é bem e o que é mal, sou eu". Isso é o que a Bíblia conceitua como pecado: a pretensão de independência e autonomia do homem em relação a Deus. Isso enche de significado e imprescindível importância a declaração de Jesus: "Eu sou o filho de Deus, e estou absolutamente rendido e obediente ao Espírito Santo de Deus, que me ungiu". Em outras palavras: "Adão se rebelou contra Deus, mas eu me submeti absolutamente a Deus. Adão pretendeu ser independente de Deus, mas eu escolhi ser absolutamente dependendo do Espírito Santo de Deus, que está sobre mim.

A unção a que Jesus se refere tem pelo menos três significados: autoridade, legitimidade e capacidade. A mesma autoridade que tinha Adão para sujeitar a terra e dominar sobre a criação; a legitimidade de quem é de fato Filho de Deus; e a capacitação que somente quem é movido pelo Espírito Santo pode ter. Autorizado, legitimado e capacitado pelo Espírito Santo, Jesus é quem é, e faz o que faz.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Talmidim 007 - Espírito


O Espírito do Senhor está sobre mim. Lucas 4.18

Jesus é um ser humano que não se explica senão por essa relação com o Espírito Santo. Jesus tinha profunda consciência de ser alguém sobre quem repousava o Espírito de Deus. Era um ser humano absolutamente rendido, aberto e sob a contínua influência do Espírito Santo. A ação de Deus Espírito Santo sobre Jesus é um dos capítulos mais importantes da Bíblia Sagrada. O nascimento do Senhor foi profetizado e anunciado pelo Espírito Santo. Jesus foi batizado, ungido, guiado ao deserto e constantemente visitado pelo Espírito Santo.

Não é possível pensar em Jesus sem pensar na obra do Espírito Santo sobre sua pessoa e obra. Mas o Espírito Santo de Deus que agia em Jesus não era uma força que vinha de fora e que o invadia. Quando Jesus, que é Deus filho, se faz carne, ele abandona suas prerrogativas divinas, mas não abandona a perfeita comunhão e unidade com o Deus Pai e o Espírito Santo. A unidade entre Jesus e o Espírito de Deus é de tal maneira que o Espírito Santo é também chamado de Espírito de Cristo.

Isso quer dizer que Jesus era um ser humano que não oferecia absolutamente nenhum obstáculo ao Espírito Santo, nem em sua postura, nem em suas atitudes e comportamentos, e muito menos em sua natureza, que era divina. A extraordinária realidade de haver um ser humano vivendo em comunhão e sob a permanente influência do Espírito Santo é algo prometido a todos nós. Jesus disse, reiterando o que haviam dito os profetas, que o mesmo Espírito que estava derramado sobre ele seria derramado sobre toda a carne.

A vida de um discípulo de Jesus há de ser, necessariamente, uma vida sob a ministração do Espírito Santo. É isso que faz de Jesus um mestre diferente, e é também o que faz de seus discípulos pessoas diferentes. O discipulado de Jesus não é apenas uma troca de influência moral, transmissão de conhecimento ou sabedoria filosófica. O que está em jogo no discipulado de Jesus não é outra coisa senão a maravilhosa ação do Espírito Santo.

quinta-feira, 21 de março de 2013

O que significa ser um cristão?






John MacArthur
Para os primeiros mártires era bem óbvio o real significado de ser um cristão. No entanto, pergunte hoje o que isto significa e obterá uma variedade de respostas, mesmo daqueles que identificam a si mesmos com este selo.
Para alguns ser “cristão” é primariamente algo cultural e tradicional, um título nominal, herdado da geração anterior, um efeito final de algo que envolve evitar certos comportamentos e, ocasionalmente, frequentar uma igreja. Para outros. Ser cristão é em grande parte uma questão política, um dever de defender os valores morais em praça pública ou, talvez, preservar tais valores, retirando-os completamente de certo local público. Ainda outros definem cristianismo em termos de experiência com uma religião do passado, uma crença geral em Jesus, ou um desejo de ser uma boa pessoa. No entanto. Todos estes conceitos estão tristemente aquém do que de fato significa ser um cristão, na perspectiva bíblica.
Curiosamente, os seguidores de Jesus Cristo não foram chamados de “cristãos” antes de dez a quinze anos, após o início da igreja. Antes disso, eram simplesmente conhecidos como discípulos, irmãos, crentes, santos, e seguidores do Caminho (um título derivado da referência que Cristo fez de si mesmo, em João 14.6, como “o caminho, a verdade e a vida”). De acordo com Atos 11.26, foi em Antioquia da Síria que “foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” e, desde este tempo, o selo se fixou.
O nome foi inicialmente cunhado por descrentes, como uma tentativa de zombar daqueles que seguiam o Cristo crucificado¹. Mas, o que começou como algo ridículo, logo se tornou um emblema de honra. Ser chamado “cristãos”( em grego – Cristianoi), era ser identificado como discípulo de Jesus e ser associado com Ele, como leal seguidor. De modo semelhante, os da casa de Cesar referiam a si mesmos como Kaisarianoi (os de Cesar), a fim de mostrar sua profunda lealdade ao Imperador Romano. Diferentemente dos Kaisarianoi,contudo, os  cristãos não prestavam sua lealdade final a Roma ou a qualquer outro poder; sua dedicação total e adoração eram reservadas a Jesus Cristo apenas.
Assim, ser um cristão, no verdadeiro sentido da palavra, significa ser um seguidor incondicional de Jesus Cristo. Como o próprio Senhor disse em João 10.27: “As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (ênfases acrescentadas). O nome sugere muito mais que uma associação superficial com Cristo. Antes, requer uma profunda afeição por Ele, fidelidade a Ele e submissão à sua Palavra. “Vós sois Meusamigos, se fazeis o que vos mando”- Disse Jesus aos seus discípulos no cenáculo (João 15.14). Anteriormente, Ele já havia dito à multiplicação que se reunia para ouvi-lo: “Se vós permanecerdes na Minha palavra, sois verdadeiramente Meus discípulos” (João 8.31); e disse em outro lugar: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-Me” (Lc.9.23; cf João 12.26).
Quando nos designamos como cristãos, proclamamos ao mundo que tudo a nosso respeito, inclusive nossa própria identidade, encontra-se em Jesus Cristo, porque, temos negado a nós mesmos, para segui-lo e obedecê-lo. Ele é o nosso Salvador e Soberano, e nossas vidas se centralizam em agradá-Lo. Reivindicar este título significa dizer como o Apóstolo Paulo: “O viver é Cristo, e o morrer é lucro”. (Fp.1.21).
¹Como o apóstolo explica, em 1 Coríntios 1.23, a ideia de um Cristo crucificado era “escândalo para os judeus, loucura para os gentios.” Os que seguiam a Jesus (tendo sido rotulados de cristãos) eram denunciados como hereges, pelos judeus incrédulos e ridicularizados como tolos pelos gentios ascéticos.
extraído do livro Escravo – A Verdade Escondida Sobre Nossa Identidade em Cristo –

sábado, 16 de março de 2013

Talmidim 006 - Crer


Um talmid de Jesus tem a ambição de ser igual a Jesus. Jesus prometeu que faria de cada um de seus talmidim alguém igual a ele. Então, nada mais natural que Pedro desejasse também andar sobre as águas. Pedro disse à Jesus: "Bom, se você pode andar sobre as águas, eu também posso. Então basta você mandar, e eu vou". Muito natural. Jesus disse: "Então venha!". E Pedro foi!

Além de Jesus, Pedro talvez tenha sido o único ser humano a andar sobre as águas. Ele andou sobre as águas. Mas quando viu o vento, começou a afundar, teve medo e gritou: "Senhor, salva-me!". Jesus atendeu seu pedido, mas fez a Pedro uma crítica contundente: "Homem de pequena fé, por que você duvidou?". Impressionante. O único ser humano além de Jesus a andar sobre as águas deveria ser considerado um homem extraordinário. Mas Jesus diz que ele é um homem de pequena fé e o repreende por ter duvidado.

Do que foi que Pedro duvidou? Não foi de Jesus, não foi do poder de Jesus, não foi da autoridade de Jesus. Pedro duvidou de si mesmo. Pedro duvidou de que fosse capaz de andar sobre as águas. Isso significa que crer ou ter fé em Jesus não é apenas acreditar que ele é poderoso e pode fazer milagres. O que diferencia um discípulo de Jesus de qualquer outra pessoa é que o discípulo de Jesus não apenas crê em Jesus e em seu poder, mas crê que Jesus é capaz de transformá-lo e fazer dele alguém igualmente extraordinário.

A ambição do discípulo é ser igual a seu mestre. O que Jesus está dizendo para Pedro é: "Pedro, você duvidou, você duvidou de si mesmo. Sim, você duvidou. Na verdade você duvidou também de mim, duvidou de que eu seria capaz de fazer de você alguém igual a mim". Fé, portanto, tem a ver com essas duas dimensões. Fé é confiar em Jesus, fé é crer em Jesus. Mas fé é também crer que Jesus pode e quer nos transformar em pessoas exatamente iguais a ele. Fé e crer em Deus. Fé é crer que Deus acredita em você.

sábado, 2 de março de 2013

Talmidim 005 - Rendição

Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens.
Mateus 4.19


O talmid de Jesus é um aprendiz absolutamente submisso a seu Mestre. O discípulo de Jesus obedece a Jesus. Foi essa a grande lição que Pedro aprendeu - na verdade, viveu - no encontro que teve com Jesus na experiência da pesca maravilhosa. A grande questão é que quando tentamos obedecer a Jesus, percebemos, e isso acontece bem depressa, que não conseguimos obedecer completamente, e também não conseguimos obedecer a tudo o que ele manda. na melhor das hipóteses, quando conseguimos obedecer, não conseguimos obedecer perfeitamente.

No caminho da obediência a Jesus, deparamos com nossa condição humana - com o fato de sermos como bonecos de pano diante de um ser humano de verdade. Descobrimos que não conseguimos, com nossas próprias forças e capacidades, fazer tudo o que Jesus quer que façamos, e muito menos ser tudo o que ele quer que sejamos.

Essa é a angústia, por exemplo, do apóstolo Paulo. Escrevendo aos cristãos de Roma, ele diz: "Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Miserável homem que eu sou!". Essa é uma experiência humana universal e atemporal. Essa é a maneira como a Bíblia descreve a condição humana. A grande evidência de que somos semelhantes a um boneco de pano é o fato de não conseguirmos fazer uma coisa simplesmente porque sabemos que ela deve ser feita ou porque desejamos fazer. Essa também é a razão por que o evangelho de Jesus é uma boa notícia. O convite de Jesus é um grande alívio para todos os que desejam andar nos caminhos da vontade de Deus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens". É como se Jesus dissesse: "Não depende de suas forças, não é algo que depende de sua capacidade, venha comigo e eu, Jesus, farei de você uma pessoa extraordinária, eu, Jesus, farei de você uma pessoa diferente, eu Jesus, transformarei você".

Enquanto andamos com jesus, em rendição e obediência, ele vai nos transformando. Isso é o evangelho. A religião diz que você tem que fazer isso, aquilo e aquilo outro. E você tenta, mas não consegue. Tudo o que você consegue é se frustrar, experimentar uma culpa muito grande e um senso de inadequação quase que absoluto diante de Deus. Jesus diz pra você: "Venha comigo, eu transformo sua vida".

Ed René Kivitz

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Talmidim 004 - Obediência


Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu que está dizendo isto, vou lançar as redes.

Enquanto Jesus estava na praia ensinando a multidão, o coração de Pedro foi se enchendo de assombro e encantamento. Ele estava diante de um mestre jamais visto antes em Israel. Aos poucos Pedro vai reconhecendo a autoridade e a majestade de Jesus. Pedro foi percebendo que, comparado a Jesus, ele não passava de um bonequinho de pano. Então Jesus dá uma ordem: “Leve o barco mais ao fundo e lance as redes”. Pedro responde: “Nós pescamos a noite toda, somos pescadores, conhecemos esse mar e podemos dizer que a maré não está para peixe, mas, como és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”. O que é isso? Obediência.

No discipulado de Jesus, a palavra obediência é fundamental. O reconhecimento da autoridade, da grandeza, da sabedoria e, principalmente, da distância entre aquilo que somos e aquilo que Jesus é deve nos conduzir à obediência. Obedecer a Jesus é a essência do discipulado. Ser um talmid de Jesus implica o compromisso de obedecer a Jesus.

Obediência é algo muito difícil. Lembro-me de quando tive de ensinar meus filhos a obedecer. Meu filho, por exemplo, me dizia que não era possível obedecer a uma ordem que ele não entendia ou com a qual não concordava. E eu me vi em dificuldades, porque no fundo, no fundo, ele tinha razão, ou pelo menos certa razão. Quando você obedece a uma ordem com a qual concorda e uma ordem a qual entende, então você não está obedecendo, você está sendo razoável. Você está sendo obediente quando diz: “Olhe, eu não entendi, ou não concordei, se entendi não concordei, ou não entendi nem concordei, mas porque reconheço sua autoridade, vou obedecer”. Foi como Pedro se comportou em relação a Jesus. Isso é obedecer.

No seguimento de Jesus a obediência é essencial. Quem quer ser discípulo de Jesus, quem quer andar aos pés de Jesus, quem quer se deixar cobrir com a poeira dos pés de Jesus, precisa obedecer.
É no caminho de obediência, reconhecendo a autoridade de Jesus, que somos transformados e nos tornamos pessoas exatamente iguais a ele. Enquanto não estivermos dispostos a obedecer, continuaremos sendo a mesma pessoa que sempre fomos. É no caminho da obediência que Jesus nos transforma e nos faz pessoas semelhantes a ele.

Ed René Kivitz

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Talmidim - 003 - Distância


Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!

A grande ambição de um discípulo é ser igual a seu mestre. A grande ambição de um talmid é ser igual a seu rabino. Essa também é nossa ambição como discípulo de Jesus. O que queremos é mais do que saber o que ele sabe ou fazer o que ele faz. O que queremos mesmo é nos tornar pessoas iguais a ele.

Quando nos encontramos com Jesus, a primeira consciência que adquirimos é a da absoluta distância que existe entre nós e ele, entre quem é Jesus e quem nós somos. É essa a experiência de Pedro. Após uma noite inteira de tentativas frustradas de pesca, Jesus entra em seu barco e ordena que ele e seu irmão André lancem as redes. O resultado é uma pesca extraordinária. Então, ocorre uma mudança no coração de Pedro. É nessa hora que ele toma consciência da grandeza e da majestade de Jesus. Nesse momento Pedro cai ao chão e diz: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!”

Essa distância que temos de Jesus não é uma distância meramente moral. Também não é uma distância de inteligência ou de poder e capacidade. Na verdade, essa distância é uma distância de ser, de natureza de ser, que os filósofos e teólogos vão chamar de distância ontológica. É mais ou menos a distância que existe entre um boneco e um homem, entre uma boneca e uma mulher. Ser pecador, como percebeu Pedro, não é uma questão de roubar ou não roubar, mentir ou não mentir, matar ou não matar. Esse conceito de pecado fala a respeito de comportamento, e trata de ética e moral.

O conceito de pecado na Bíblia é um pouco mais profundo que isso. Na lei de Moisés o pecado era o que você fazia ou deixava de fazer. Jesus muda o enfoque e ensina que pecado é aquilo que você carrega no seu coração, suas intenções, suas motivações – você pode não matar uma pessoa, mas, se a odeia, isso já é pecado. Paulo, porém, vai dizer o seguinte: pecado não é nem o que eu faço ou deixo de fazer, nem as intenções que eu tenho ou deixo de ter, pecado é o que eu sou. Ele grita desesperado: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”.

Foi para pessoas como Pedro, Paulo, você eu que Jesus veio. Jesus veio, tornou-se um de nós, porém sem pecado, isto é, sem perder a pureza de sua natureza divina. Entre nós, Jesus nos chama para andar com ele, para que, andando com Ele, sejamos completamente transformados, e a distância que faz de nós bonecos de pano diante do Homem de verdade, que é Jesus, deixe de existir. Um dia seremos pessoas exatamente iguais a Ele.

Ed. René Kivitz

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Talmidim 002 - Poeira





Jesus subiu ao monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze [...] para que estivessem com ele.
Marcos 3.13-14



Os rabinos antigos tinham um ditado para os meninos talmidim: “Cubram-se com a poeira dos pés de seu rabino”. Um talmid deveria seguir seu mestre tão de perto, andando bem atrás dele, a ponto de, ao final do dia, estar coberto com a poeira dos pés do rabino.

O que os rabinos estavam querendo dizer é o seguinte: “Observe atentamente, ouça com atenção tudo o que seu mestre diz, não perca nenhum detalhe da vida de seu mestre, porque ele, o seu rabino, é o modelo do homem que você está se tornando”.

Essa é a essência do discipulado de Jesus. Seguir a Jesus implica prestar atenção nele, olhar atentamente para tudo o que ele faz, ouvir o que ele diz, perceber os milagres que ele realiza, imaginar e dar atenção à maneira como Jesus se relaciona com o Pai, como fala com ele, porque a grande ambição de um talmid é ser igual a seu mestre. Essa é nossa grande ambição: tornarmo-nos pessoas iguais a Jesus.

Quando me tornei discípulo de Jesus, imaginei que fosse apenas mudar de religião, e que isso implicaria acreditar em algumas coisas nas quais antes eu não acreditava, ou então participar de determinados rituais religiosos dos quais antes eu não participava. Imaginei, inclusive, que a grande questão de meu relacionamento com Jesus era que eu deveria abraçar um novo código moral e que meu discipulado com Jesus era apenas uma questão de ética. Além disso, eu imaginava que poderia contar com seus favores para resolver meus problemas cotidianos, afinal, Jesus é mestre em milagres. Mas com o passar do tempo, fui percebendo que o chamado de Jesus era muito mais profundo. Ele queria que eu me tornasse outro tipo de pessoa. Um tipo de pessoa exatamente igual a ele. Foi por isso que, quando Jesus chamou seus discípulos, os chamou para que estivessem com ele. Somente a proximidade gera intimidade. Na intimidade com Jesus somos transformados. Para que sejamos talmidim de Jesus, para que sejamos seus seguidores, precisamos andar muito perto dele. Precisamos deixar que a poeira dos pés de Jesus nos cubra.

Ed René Kivitz

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Talmidim


Talmidim é o nome de um livro do Ed René Kivitz. O livro é dividido em 365 capítulos, um para cada dia do ano. Sempre que possível, postarei aqui sobre ele. Abaixo o primeiro capítulo, fundamental para compreensão do livro todo.

Deus em Cristo vos abençoe!








Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas almas. Pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve.
Mateus 11.28-30

Os meninos em Israel começavam a estudar a Torá aos 6 anos. A Torá era a lei de Moisés, o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Aos 10 anos de idade, ao final do primeiro ciclo de estudos chamado Beit Sefer, esses meninos já haviam decorado a Torá. A partir daí alguns voltavam para casa e aprendiam o ofício da família, mas os que se destacavam continuavam num segundo estágio, o Beit Talmud. Continuavam frequentando a escola judaica e estudavam sob a orientação de um rabino, que os adotava para lhes ensinar mais profundamente a Torá e suas escolas de interpretação. Esses meninos extraordinários eram chamados talmidim, plural da palavra hebraica talmid, que o Novo Testamento traduz como discípulo.

Os meninos talmidim eram a elite intelectual de Israel. Aos 12 anos já haviam decorado todas as escrituras: os livros históricos, os livros poéticos, os livros de sabedoria, e todos os livros proféticos. Aos 14, debatiam a tradição oral, isto é, a interpretação dos rabinos a respeito da lei. Dedicavam a vida à discussão de como colocar em prática a lei de Moisés.

Cada rabino tinha sua forma de interpretar a Torá. O conjunto de regras e interpretações de um rabino era chamado de “o jugo do rabino”. Por exemplo, no tempo de Jesus existiam dois rabinos muito famosos e conceituados, Hilel e Shamai, e cada um possuía um jugo, isto é, uma interpretação da Torá, e seus talmidim. É exatamente nesse contexto que Jesus diz: “Eu também tenho um jugo, também tenho uma forma de interpretar a Torá, também tenho uma forma de dizer qual é a vontade de Deus, também tenho uma interpretação para lhes ensinar como Deus deseja que vocês vivam”.

Mas Jesus é diferente dos rabinos de sua época. Ele diz: “Os rabinos colocam sobre os seus ombros um jugo pesado, exigências absurdas, mas o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Ele faz um convite: “Seja meu talmid, faça parte do meu grupo de talmidim”. O Convite de Jesus se estende a todos e não apenas aos extraordinários. Jesus convida pessoas como você e eu. Não importa quem você é, não importa a idade, sexo, classe social, o momento de vida em que você está, não importa seu passado, não importa nem mesmo sua religião. Jesus está chamando você para andar com ele e ser um de seus discípulos.



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Quando a Graça não é mais de graça.





por Ariovaldo Ramos

Quando, na década de 80, a teologia da prosperidade chegou ao Brasil, ela veio como uma nova tese sobre a fé, prometia o céu aqui para o que tivesse certo tipo de fé. As promessas eram as mais mirabolantes: garantia de saúde a toda prova, riqueza, carros maravilhosos, salários altíssimos, posições de liderança, prosperidade ampla, geral e irrestrita.

Lembro-me de, nessa época, ter ouvido de um ferrenho seguidor dessa teologia que, quem tivesse fé poderia, inclusive, negociar com Deus a data de sua morte, afirmava que, na nova condição de fé, em que se encontrava, Deus teria de negociar com ele a data de sua partida para mundo dos que aguardam a ressurreição do corpo.

Estamos, há mais de vinte anos convivendo com isso, talvez, por isso, a grande pergunta sobre essa teologia seja: Como têm conseguido permanecer por tanto tempo? A tentação é responder a questão com uma sonora declaração sobre a veracidade desta proposição, ou seja, permanece porque é verdade, quem tem fé tem tudo isso e muito mais. Entretanto, quando se faz uma pesquisa, por mais elementar, o que se constata é que as promessas da teologia da prosperidade não se cumpriram, e, de fato, nem o poderiam, quando as regras da exegese e da hermenêutica são respeitadas, percebe-se: não há respaldo bíblico. Então qual a razão para essa longevidade?

Em primeiro lugar, a vida longa se sustenta pela criatividade, os pregadores dessa mensagem estão sempre se reinventando, vivem de promover espetáculos ás custas da boa fé do povo. Mesmo os mais discretos estão sempre expondo o povo, em alguns casos, quando mais simplório melhor, em outros, quanto mais bonita, e note-se o feminino, melhor.

Além disso, é uma sucessão de invencionices: um dia é passar pela porta x, outro é tocar a trombeta y, ou empunhar a espada z, ou cobrir-se do manto x, e, por aí vai. Isso sem contar o sem número de amuletos ungidos, de águas fluidificadas e de bênçãos especiais. Suas igrejas são verdadeiros movimentos de massa, dirigidos por “pop stars” que tornam amadores os mais respeitados animadores de auditório da TV brasileira.

Em segundo lugar, a vida longa se mantém pela penitência; os pregadores dessa panacéia descobriram que o povo gosta de pagar pelos benefícios que recebe, algo como “não dever nada a ninguém”, fruto da cultura de penitência amplamente disseminada na igreja romana medieval, aliás, grande causadora da reforma protestante. Tudo nessas igrejas é pago. Ainda que cada movimento financeiro seja chamado de oferta, trata-se, na prática, de pagamento pela benção.

Deus foi transformado num gordo e avaro banqueiro que está pronto a repartir as suas benesses para quem pagar bem, assim, o fiel é aquele que paga e o faz pela fé; a oferta, nessas comunidades, é a única prova de fé que alguém pode apresentar.

Na idade média, como até hoje, entre os romanos, Deus podia ser pago com sacrifícios, tais como: carregar a cruz por um longo caminho num arremedo da via “crucis”, ou subir de joelhos um número absurdo de degraus, ou, em último caso, acender uma velinha qualquer, não é preciso dizer que a maioria escolhe a vela. Mas, isso é no romanismo!

Quem quer prosperidade, cura, promoções, carrões e outros beneplácitos similares tem de pagar em moeda corrente, afinal, dinheiro chama dinheiro, diz a crença popular. E tem de pagar antes de receber e, se não receber não pode reclamar, porque esse deus sabe o que faz e, se não liberou a bênção é porque não recebeu o suficiente ou não encontrou a fé meritória. Esses pregadores têm o consumidor ideal.

Em terceiro lugar são longevos porque justificam o pior do capitalismo, embora, segundo Weber, o capitalismo seja fruto da ética protestante, (aliás, a bem da verdade é preciso que se diga que o capitalismo descrito por Max Weber em seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” não é, nem de longe, o praticado hoje, que se sustenta no consumismo, enquanto aquele se erguia da poupança.); a fé cristã, de modo geral, não se dá bem com a busca pela riqueza como objetivo em si.

A chegada, porém, dessa teologia mudou o quadro, o pior do capital está, finalmente, justificado, foi promovido de grilhão que manieta a fé em troféu da mesma. Antes, o que se assenhoreava do capital tornava-se o avaro acumulador egoísta, agora, nessa tese, é o protótipo do ser humano de fé. Antes, o que corria atrás dos bens materiais era um mundano, hoje, para esses palradores, é o que busca o cumprimento das promessas celestiais.

Juntamente com o capitalismo, essa mensagem justifica o individualismo, a bênção é para o que tem fé, ela é inalienável e intransferível. Eu soube de uma igreja dessas que, num rasgo de coerência, proibiu qualquer socorro social na comunidade para não premiar os que não tem fé. Assim, quem tem fé tem tudo quem não tem fé não tem nada.

Antes, ter fé em Cristo colocava o sujeito na estrada da solidariedade, hoje, nesse tipo de pregação, o coloca no barranco da arrogância. Toda “esperteza” está justificada e incentivada. Não é de estranhar que ética seja um artigo em falta na vida e no “shopping center” de fé desses “ministros”.

Mas, o que isso tudo tem gerado, de verdade? Decepção, fragorosa decepção é tudo o que está sobrando no frigir dos ovos. As bênçãos mirabolantes não vieram porque Deus nunca as prometeu, e Deus não pode ser manipulado. O sucesso e a riqueza que, porventura, vieram foram mais fruto de manobras “espertalhonas”, para dizer o mínimo, do que resultado de fé.

Aliás, para muitos foi ficando claro que o que chamavam de fé, nada mais era do que a ganância que cega; o antigo conto do vigário foi substituído pelo conto do pastor. Gente houve que ficou doente, mas, escondeu; perdeu o emprego, mas, mentiu; acreditou ter recebido a cura, encerrou o tratamento médico e morreu. Um bocado de gente tentando salvar as aparências, tentando defender os seus lideres de suas próprias mentiras e deslizes éticos e morais; um mundo marcado pela esquizofrenia.

O individualismo acabou por gerar frieza, solidão e, principalmente, perda de identidade, porque a gente só se torna em comunidade.

Tudo isso acontecendo enquanto muitos fiéis observavam o contraste entre si e seus pastores, eles sendo alcançados pela perda de bens, pela angústia de uma fé inoperante, pela perda de entes queridos que julgavam absolutamente curados, e os pastores se enriquecendo, melhorando sensivelmente o padrão de vida, adquirindo patrimônio digno de nota, sendo contados entre o “jet set”, virando artistas de TV, tudo em nome de um evangelho que diziam ter de ser pregado, e que as suas novas e portentosas posses avalizavam.

E onde estão estes decepcionados? E para onde estão indo os seus pares? Muitos estão, literalmente, por aí, perderam aquela fé, mas não acharam a que os apóstolos e profetas da escritura judaico-cristã anunciaram; ouviram o nome Cristo, mas não o encontraram e pararam de procurar. Talvez, estejam perdidos para evangelho; para sempre.

Outros, no meio de tudo isso, foram achados por Cristo, e estão procurando pelo lugar onde ele se encontra. Para os primeiros não há muito que fazer a não ser interceder diante do Eterno, para que se apiede dos que foram vergonhosamente enganados; para os que estão a procura, entretanto, é preciso desenvolver uma pastoral.

Eles não estão chegando como chegam os que estão em processo de reconhecimento de Deus e do seu Cristo. Estão batendo às portas das comunidades, que julgam sérias com a Bíblia, à procura de cura para a sua fé, para a sua forma de ser crente, para a sua esperança de salvação, para a sua falta de comunidade e para a sua confusão doutrinária.

Precisam, finalmente, ver a Jesus Cristo e a si mesmos; precisam, em meio a tanta desinformação encontrar o ensino, em meio a tanto engano recuperar a esperança. Necessitam de comunidade e de identidade, de abraço e de paciência, de paz e de alento, de fraternidade e de exemplo, de doutrina e de vida abundante.

Quem quer que há de recebê-los terá de preparar-se para tanto, mesmo porque, ainda que certos da confusão a que foram expostos, a cultura que trazem é a única que têm, e nos momentos de crise, de qualquer natureza, será a partir desta que reagirão, até que o discipulado bíblico construa, com o tempo, uma nova e saudável cultura. 

Hoje, para além de tudo o que encerra a sua missão, a Igreja tem de corrigir os erros que, em seu nome, e, em muitos casos, sob a sua silenciosa conivência, foram e, ainda, estão sendo cometidos.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Graça de Deus




por John Piper
Estes dez efeitos são um testemunho pessoal a respeito de crer nas Doutrinas da Graça, que podem ser resumidos através dos cinco pontos do calvinismo. Acabei de ministrar um seminário sobre este assunto. Os alunos me pediram que escrevesse um artigo sobre estas reflexões, ao qual eles teriam acesso. Sinto-me feliz por fazer isso. Na verdade, eles conhecem o conteúdo do curso, que está acessível no site do ministério Desiring God. Contudo, escreverei na esperança de que este testemunho estimule outros a examinarem, como os bereianos, se a Bíblia ensina o que chamo de “Calvinismo”.

1. As Doutrinas da Graça enchem-me de temor a Deus e levam-me à verdadeira adoração profunda centrada em Deus.

Recordo a época em que vi, pela primeira vez, enquanto ensinava Efésios no Bethel College, no final dos anos 1970, a afirmação concernente ao alvo de toda a obra de Deus — ou seja: “Para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6, 12, 14).
Isso me fez perceber que não podemos enriquecer a Deus e que, por essa razão, sua glória resplandece mais esplendidamente não quando tentamos satisfazer as necessidades dEle, e sim quando nos satisfazemos nEle como a essência de nossas obras. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente” (Rm 11.36). A adoração se torna um fim em si mesmo.
Isso me faz sentir quão insignificantes e inadequadas são as minhas afeições, de modo que os salmos de anseios se mostram vívidos e tornam a adoração intensa.

2. Estas verdades protegem-me de vulgarizar as coisas divinas.

Um dos caminhos de nossa cultura é a banalidade, a esperteza, a sagacidade. A televisão é o principal mantenedor de nosso desejo compulsivo por superficialidade e trivialidade.
Deus é incluído entre essas coisas. Por isso, existe hoje a vulgarização das coisas espirituais. Seriedade não está em excesso nestes dias. Foi abundante no passado. Sim, há desequilíbrios em certas pessoas que parecem não ser capazes de relaxar e falar sobre o clima.
Robertson Nicole disse a respeito de Spurgeon: “O evangelismo agradável [podemos dizer, o crescimento de igreja norteado por marketing] pode atrair multidões, mas lança a alma nas cinzas e destrói as próprias sementes do cristianismo. O Sr. Spurgeon tem sido reputado frequentemente, por aqueles que não conhecem seus sermões, como um pregador que utilizava humor. De fato, não havia nenhum outro pregador cujo tom era mais uniformemente sério, reverente e solene” (Citado em The Supremacy of God in Preaching, p. 57).

3. Estas verdades me fazem admirar a minha própria salvação.

Depois de descrever a grande salvação em Efésios, Paulo orou, na última parte daquele capítulo, para que o efeito daquela teologia fosse a iluminação do coração, a fim de que nos maravilhássemos com a nossa esperança, com as riquezas da glória de nossa herança em Deus e com o poder de Deus que opera em nós — ou seja, o poder que ressuscitou a Jesus dentre os mortos.
Todos os motivos de vanglória são removidos. Há muita alegria e gratidão.
A piedade de Jonathan Edwards começa a crescer. Quando Deus nos dá um vislumbre da sua majestade e de nossa impiedade, a vida cristã se torna uma coisa bem diferente da piedade convencional. Edwards descreveu isso, de maneira magnífica, quando disse:
Os desejos dos santos, embora zelosos, são humildes. Sua esperança é humilde; e sua alegria, ainda que indizível e cheia de glória, é humilde e contrita, deixando o cristão mais pobre de espírito, mais semelhante a uma criança e mais propenso a um comportamento modesto (Religious Affections, New Haven: Yale University Press, 1959, p. 339ss).

4. Estas verdades tornam-me alerta quanto aos substitutos centrados no homem que passam por boas-novas.

Em meu livro The Pleasures of God (2000), nas páginas 144 e 145, mostrei que, na Nova Inglaterra do século XVIII, o afastamento do ensino sobre a soberania de Deus levou ao arminianismo e, deste, ao universalismo e, deste, ao unitarismo. A mesma coisa aconteceu na Inglaterra do século XIX, depois de Spurgeon.
O livro Jonathan Edwards: A New Biography (Edinburgh: Banner of Truth, 1987, p. 454), escrito por Iain Murray, documenta a mesma coisa: “As convicções calvinistas empalideceram na América do Norte. No andamento do declínio que Edwards antecipara corretamente, aquelas igrejas congregacionais da Nova Inglaterra que tinham abraçado o arminianismo, depois do Grande Avivamento, moveram-se gradualmente ao unitarismo e ao universalismo, lideradas por Charles Chauncy”.
No livro Quest for Godliness (Wheaton, IL: Crossway Books, 1990, p. 160), escrito por J. I. Packer, você pode perceber como Richard Baxter abandonou estes ensinos e como as gerações seguintes tiveram uma colheita horrível na igreja de Baxter, em Kidderminster.
Estas doutrinas são uma proteção contra os ensinos centrados no homem que, sob muitas formas, corrompem gradualmente a igreja, tornando-a fraca em seu interior, enquanto parece forte e popular.
1 Timóteo 3.15 — “Para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”.

5. Estas verdades fazem-me gemer diante da indescritível enfermidade de nossa cultura secular que milita contra Deus.

Não posso ler o jornal, assistir a uma propaganda na TV ou ver um outdoor sem o intenso pesar de que Deus está ausente.
Quando Ele, a principal realidade do universo, é tratado como se não existisse, tremo ao pensar na ira que está sendo acumulada. Fico chocado. Tantos cristãos estão sedados pela mesma droga que entorpece o mundo. Mas estes ensinos são um antídoto poderoso. Oro por um despertamento e avivamento.
Esforço-me para pregar tendo em vista criar um povo tão impregnado de Deus, que O mostrará e falará sobre Ele onde quer que esteja, em todo o tempo.
Existimos para afirmar a realidade de Deus e a sua supremacia em toda a vida.

6. Estas verdades tornam-me confiante de que a obra planejada e começada por Deus chegará ao final — tanto no que diz respeito ao universo como ao indivíduo.

Este é o argumento de Romanos 8.28-39:
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

7. Estas verdades fazem com que eu veja todas as coisas à luz dos propósitos soberanos de Deus: dEle, por meio dEle e para Ele são todas as coisas; a Ele seja a glória para sempre e sempre.

Todas as coisas da vida se relacionam a Deus. Não há qualquer aspecto de nossa vida em que Ele não seja extremamente importante — Aquele que dá sentido a tudo (cf. 1 Co 10.31).
Ver os propósitos soberanos de Deus sendo desenvolvidos nas Escrituras e ouvir o apóstolo Paulo dizendo: Ele “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11) faz-me perceber o mundo desta maneira.

8. Estas verdades enchem-me da esperança de que Deus tem vontade, direito e poder de responder as súplicas para que pessoas sejam mudadas.

A garantia da oração é que Deus pode irromper e mudar as coisas — incluindo o coração humano. Pode transformar a vontade. “Santificado seja o teu nome” significa faze as pessoas santificarem o teu nome. “Que a tua palavra se propague e seja glorificada” significa faze os corações abrirem-se para o evangelho.
Devemos tomar as promessas da nova aliança e rogar a Deus que sejam trazidas à realização em nossos filhos, vizinhos e todos os campos missionários do mundo.
“Ó Deus, remove deles o coração de pedra e dá-lhes um coração de carne” (Ez 11.19).
“Senhor, circuncida o coração deles para que Te amem” (Dt 30.6).
“Ó Pai, coloca dentro deles o teu Espírito e faze-os andar nos teus estatutos” (Ez 36.27).
“Senhor, concede-lhes arrependimento e conhecimento da verdade, para que fiquem livres das armadilhas do diabo” (2 Tm 2.25-26).
“Pai, abre-lhes o coração para crerem no evangelho” (At 16.14).

9. Estas verdades recordam-me que o evangelismo é absolutamente essencial para que as pessoas venham a Cristo e sejam salvas.

Recordam-me também que há esperança de sucesso em levar as pessoas à fé e que, em última análise, a conversão não depende de mim, nem está limitada à insensibilidade do incrédulo.
Portanto, isso nos proporciona esperança na evangelização, especialmente em lugares difíceis e entre pessoas de coração empedernido.
“Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz” (Jo 10.16).
É a obra de Deus. Dedique-se a ela com resignação.

10. Estas verdades deixam-me convicto de que Deus triunfará no final.

“Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Is 46.9-10).
Reunindo todas estas verdades: Deus recebe a glória, e nós, a alegria.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O que significa ser um Cristão?




por John MacArthur
Para os primeiros mártires era bem óbvio o real significado de ser um cristão. No entanto, pergunte hoje o que isto significa e obterá uma variedade de respostas, mesmo daqueles que identificam a si mesmos com este selo.
Para alguns ser “cristão” é primariamente algo cultural e tradicional, um título nominal, herdado da geração anterior, um efeito final de algo que envolve evitar certos comportamentos e, ocasionalmente, frequentar uma igreja. Para outros. Ser cristão é em grande parte uma questão política, um dever de defender os valores morais em praça pública ou, talvez, preservar tais valores, retirando-os completamente de certo local público. Ainda outros definem cristianismo em termos de experiência com uma religião do passado, uma crença geral em Jesus, ou um desejo de ser uma boa pessoa. No entanto. Todos estes conceitos estão tristemente aquém do que de fato significa ser um cristão, na perspectiva bíblica.
Curiosamente, os seguidores de Jesus Cristo não foram chamados de “cristãos” antes de dez a quinze anos, após o início da igreja. Antes disso, eram simplesmente conhecidos como discípulos, irmãos, crentes, santos, e seguidores do Caminho (um título derivado da referência que Cristo fez de si mesmo, em João 14.6, como “o caminho, a verdade e a vida”). De acordo com Atos 11.26, foi em Antioquia da Síria que “foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” e, desde este tempo, o selo se fixou.
O nome foi inicialmente cunhado por descrentes, como uma tentativa de zombar daqueles que seguiam o Cristo crucificado¹. Mas, o que começou como algo ridículo, logo se tornou um emblema de honra. Ser chamado “cristãos”( em grego – Cristianoi), era ser identificado como discípulo de Jesus e ser associado com Ele, como leal seguidor. De modo semelhante, os da casa de Cesar referiam a si mesmos como Kaisarianoi (os de Cesar), a fim de mostrar sua profunda lealdade ao Imperador Romano. Diferentemente dos Kaisarianoi,contudo, os  cristãos não prestavam sua lealdade final a Roma ou a qualquer outro poder; sua dedicação total e adoração eram reservadas a Jesus Cristo apenas.
Assim, ser um cristão, no verdadeiro sentido da palavra, significa ser um seguidor incondicional de Jesus Cristo. Como o próprio Senhor disse em João 10.27: “As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (ênfases acrescentadas). O nome sugere muito mais que uma associação superficial com Cristo. Antes, requer uma profunda afeição por Ele, fidelidade a Ele e submissão à sua Palavra. “Vós sois Meus amigos, se fazeis o que vos mando”- Disse Jesus aos seus discípulos no cenáculo (João 15.14)

sábado, 12 de janeiro de 2013

Fruto do Espírito – DOMÍNIO PRÓPRIO






O domínio próprio é essencial para o desenvolvimento pessoal, o crescimento espiritual e o ministério cristão. Entretanto, ele não “acontece simplesmente” ou surge como uma característica natural. As pessoas devem praticar o domínio próprio a fim de que tenham vidas disciplinadas. No caso da mulher cristã, o poder ilimitado de Deus pode ser acrescentado à força de vontade humana e limitada, para desenvolver a disciplina espiritual. Tal disciplina requer uma atitude pessoal de receber o poder do Espírito Santo.

Os cristãos devem aprender a disciplinar tanto seus comportamentos externos quanto seus sentimentos internos, a fim de serem santos. Palavras e atitudes, assim como pensamentos e paixões, devem ser aceitáveis a Deus. Uma vida disciplinada envolve um compromisso genuíno e pessoal de obedecer aos estatutos de Deus e, muitas vezes, requer mudanças em nosso estilo de vida. O poder sobrenatural de Deus é acrescentado à força de vontade pessoal na medida em que os cristãos experimentam sua presença, recebem seu poder e buscam sua alegria.

A aceitação e afirmação de outras pessoas, assim como a responsabilidade por elas, também ajudam o cristão a desenvolver seu domínio próprio. A disciplina espiritual deve fazer parte do crescimento espiritual de cada cristão. Uma escolha pessoal de tornar-se disciplinado pode efetuar mudanças nos nossos também.

As escrituras ensinam que o domínio próprio é fruto do Espírito, Sem ele, o cristão tem poucas oportunidades de experimentar as bênçãos de Deus em sua plenitude.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Fruto do Espírito – MANSIDÃO






Aqueles que andam no Espírito possuem uma qualidade de mansidão que é uma das marcas de autenticidade necessárias para a unidade Cristã. Paulo desafia os crentes a viver uma vida digna de seu chamado em Cristo Jesus e que é caracterizada por humildade, mansidão, longanimidade, paciência mútua e paz (Ef 4.1-3)

“Mansidão” ou “docilidade” refere-se a uma atitude humilde ou submissa, que é o oposto do orgulho. Não devendo ser confundida com fraqueza, a mansidão é força que é submetida a Deus e canalizada para o serviço aos outros. O Antigo Testamento caracteriza Deus como clemente (2ºSm 22.36; Sl 18.35). O novo testamento descreve Jesus como “manso e humilde de coração” (Mt 11.29; 2ªCo 10.1). Os cristãos, à semelhança de seu Senhor, devem buscar a mansidão e usá-la como uma vestimenta.

A virtude piedosa da mansidão, que é uma qualidade do coração, é tida como possuindo maior influência do que a beleza exterior para ganhar um marido não crente para Cristo. Um espírito manso é precioso para Deus. Mansidão é um fruto do Espírito Santo necessário para a santidade (uma vida santa, semelhante a Cristo), bondade (benevolência para com os outros) e doação (serviço em nome de Jesus – por amor)