Por Max Lucado
Em seu mais famoso convite, Jesus diz: “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas
pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28).
O descanso é dado, não conquistado. Jesus está prometendo
nos dar algo que vem diretamente do cuidado de Deus, desde o princípio. O
descanso dado por Deus aparece várias vezes e de várias formas nas Escrituras.
Ele se inicia e se fundamenta com a criação do sábado, logo após Deus ter
contemplado a obra da criação: um dia em que não se trabalha e não se planeja,
em que se tem realidades maravilhosas a contemplar, desfrutando do cuidado de
Deus por nós. Já durante o êxodo, nas sextas-feiras o povo colhia porção
dobrada do maná (o pão nosso de cada dia), para que no sábado não precisasse
colher nada – e milagrosamente nesse dia o maná armazenado não estragava.
Nos Salmos esta situação de ser cuidado por Deus é bem
retratada no Sl 23 (“O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará”), e também no Sl
131, em que o bebê, saciado, mira o rosto de sua mãe e fica tranquilo e feliz,
descansando.
No novo testamento, Jesus vem como o “Senhor do sábado”: é
ele quem cuida de nós e nos traz o verdadeiro descanso. Para fazê-lo, Jesus
está ciente de que terá que sofrer muitas coisas e morrer, antes de
ressuscitar.
Em Hebreus fica bem claro que é Jesus quem conduz o povo de
Deus para a terra prometida, a terra onde se descansa e vive em segurança, onde
Deus cuida de nós. Acolhemos a palavra de Deus pela fé (que é um dom de Deus)
e, assim, somos acolhidos por Cristo. Agora é o rosto de Jesus que
contemplamos, e esse descanso de ser cuidado por ele produz transformações em
nosso modo de viver, em nossa biologia e emoções: deixamos de precisar ter tudo
sob controle, de querer planejar tudo com antecedência, de querer possuir tudo
o que vemos, e começamos a aprender a perceber o cuidado amoroso do Pai, a crer
que nada escapa ao cuidado dele, e podemos relaxar na percepção da sua
presença.
O olhar de Cristo por nós é algo que acontece antes de
qualquer reflexão ou ação nossa, tal como o Pai do filho pródigo que sai a seu
encontro antes dele chegar e pedir qualquer coisa. Ou como com Pedro no pátio
do sumo sacerdote, no pior momento de seu pecado, que recebe um olhar cuidador
que lhe restaura a ligação com a verdade e a vida.
O sábado – o descanso – é, portanto, um tempo e um lugar
especial no qual o Senhor cuida de nós; não é somente que não temos que fazer
nada, mas que, antes de tudo, temos a experimentar a realidade de que somos
cuidados pelo Pai. Esse cuidado vital ele revela no tempo que se chama “hoje”.
Em nosso tempo faz-se presente o rosto de Jesus Cristo: “Assim ainda fica para
o povo de Deus um descanso”, uma manifestação do rosto de Jesus Cristo que nos
sacia, que traz descanso e alívio para nossas almas, e nos enche de esperança.
Deus nos amou e Cristo morreu por nós quando éramos nada mais que pecadores:
este é o alívio do sábado, esse é o nosso descanso em Jesus.
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