sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Talmidim - 003 - Distância


Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!

A grande ambição de um discípulo é ser igual a seu mestre. A grande ambição de um talmid é ser igual a seu rabino. Essa também é nossa ambição como discípulo de Jesus. O que queremos é mais do que saber o que ele sabe ou fazer o que ele faz. O que queremos mesmo é nos tornar pessoas iguais a ele.

Quando nos encontramos com Jesus, a primeira consciência que adquirimos é a da absoluta distância que existe entre nós e ele, entre quem é Jesus e quem nós somos. É essa a experiência de Pedro. Após uma noite inteira de tentativas frustradas de pesca, Jesus entra em seu barco e ordena que ele e seu irmão André lancem as redes. O resultado é uma pesca extraordinária. Então, ocorre uma mudança no coração de Pedro. É nessa hora que ele toma consciência da grandeza e da majestade de Jesus. Nesse momento Pedro cai ao chão e diz: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!”

Essa distância que temos de Jesus não é uma distância meramente moral. Também não é uma distância de inteligência ou de poder e capacidade. Na verdade, essa distância é uma distância de ser, de natureza de ser, que os filósofos e teólogos vão chamar de distância ontológica. É mais ou menos a distância que existe entre um boneco e um homem, entre uma boneca e uma mulher. Ser pecador, como percebeu Pedro, não é uma questão de roubar ou não roubar, mentir ou não mentir, matar ou não matar. Esse conceito de pecado fala a respeito de comportamento, e trata de ética e moral.

O conceito de pecado na Bíblia é um pouco mais profundo que isso. Na lei de Moisés o pecado era o que você fazia ou deixava de fazer. Jesus muda o enfoque e ensina que pecado é aquilo que você carrega no seu coração, suas intenções, suas motivações – você pode não matar uma pessoa, mas, se a odeia, isso já é pecado. Paulo, porém, vai dizer o seguinte: pecado não é nem o que eu faço ou deixo de fazer, nem as intenções que eu tenho ou deixo de ter, pecado é o que eu sou. Ele grita desesperado: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”.

Foi para pessoas como Pedro, Paulo, você eu que Jesus veio. Jesus veio, tornou-se um de nós, porém sem pecado, isto é, sem perder a pureza de sua natureza divina. Entre nós, Jesus nos chama para andar com ele, para que, andando com Ele, sejamos completamente transformados, e a distância que faz de nós bonecos de pano diante do Homem de verdade, que é Jesus, deixe de existir. Um dia seremos pessoas exatamente iguais a Ele.

Ed. René Kivitz

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