sábado, 29 de setembro de 2012

Eu escolho o amor...


 
 
Silêncio. É cedo. Meu café está quente. O céu ainda está escuro. O mundo ainda dorme. O dia começa a amanhecer.
Dentro de alguns momentos o dia nascerá e começará a percorrer ruidosamente os trilhos, acompanhando o raiar do sol. O silêncio da madrugada será trocado pelo barulho do dia. A calma da solidão será substituída pelos passos fortes da raça humana. O refúgio da manhãzinha será invadido por decisões a serem tomadas e por prazos a serem cumpridos.

Pelas próximas doze horas, estarei diante das exigências do dia. É neste momento que preciso fazer uma escolha. Graças ao Calvário, sou livre para escolher. Portanto, eu escolho.

Escolho o amor...
Nenhuma ocasião justifica o ódio; nenhuma injustiça dá permissão para a amargura. Eu escolho o amor. Hoje amarei a Deus e o que Deus ama.

Escolho a alegria...
Convidarei meu Deus para ser o Deus da circunstância. Não cederei à tentação do ceticismo – a ferramenta do pensador preguiçoso. Não verei as pessoas como algo menos que seres humanos, criados por Deus. Não verei nenhum problema como algo que não seja uma oportunidade de ver Deus.

Escolho a paz...
Viverei o perdão. Perdoarei para que eu possa viver.

Escolho a paciência...
Não darei atenção às inconveniências do mundo. Em vez de amaldiçoar aquele que toma o meu lugar, eu o convidarei a fazer isso. Em vez de reclamar que a espera é longa demais, renderei graças a Deus por ter um momento para orar. Em vez de cerrar os punhos diante de novas tarefas, eu os enfrentarei com alegria e coragem.

Escolho a amabilidade...
Serei amável com os pobres, porque eles estão abandonados. Amável com os ricos, porque eles estão com medo. E amável com os rudes, porque é assim que Deus me trata.

Escolho a bondade...
Viverei sem dinheiro algum em vez de ganhar um real que seja de maneira desonesta. Passarei despercebido em vez de me vangloriar. Confessarei em vez de acusar. Escolho a bondade.

Escolho a fidelidade...
Hoje cumprirei minhas promessas. Meus credores não se arrependerão de ter confiado em mim. Meus sócios não questionarão minha palavra. Minha mulher não duvidará do meu amor. E meus filhos nunca terão medo de que o pai não volte para casa.

Escolho a mansidão...
Nada é conquistado pela força. Escolho ser manso de coração. Se eu levantar a voz, será apenas em adoração a Deus. Se cerrar os punhos, será apenas em oração. Se fizer uma exigência, será apenas para mim mesmo.

Escolho o domínio próprio...
Sou um ser espiritual. Depois que este corpo morrer, meu espírito subirá. Recuso-me a aceitar que aquilo que vai se deteriorar domine o que é eterno. Escolho o domínio próprio. Ficarei embriagado apenas de alegria. Ficarei apaixonado apenas por minha fé. Serei influenciado apenas por Deus. Aprenderei apenas com Cristo. Escolho o domínio próprio.

Amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. É com isso que me comprometo hoje. Se for bem-sucedido, darei graças. Se falhar, buscarei a graça de Deus. E então, quando o dia terminar, repousarei a cabeça no travesseiro e descansarei.

Quando Deus sussurra o seu nome.
Max Lucado

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Descanso em Jesus


 
 
Por Max Lucado
Em seu mais famoso convite, Jesus diz: “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28).

O descanso é dado, não conquistado. Jesus está prometendo nos dar algo que vem diretamente do cuidado de Deus, desde o princípio. O descanso dado por Deus aparece várias vezes e de várias formas nas Escrituras. Ele se inicia e se fundamenta com a criação do sábado, logo após Deus ter contemplado a obra da criação: um dia em que não se trabalha e não se planeja, em que se tem realidades maravilhosas a contemplar, desfrutando do cuidado de Deus por nós. Já durante o êxodo, nas sextas-feiras o povo colhia porção dobrada do maná (o pão nosso de cada dia), para que no sábado não precisasse colher nada – e milagrosamente nesse dia o maná armazenado não estragava.

Nos Salmos esta situação de ser cuidado por Deus é bem retratada no Sl 23 (“O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará”), e também no Sl 131, em que o bebê, saciado, mira o rosto de sua mãe e fica tranquilo e feliz, descansando.

No novo testamento, Jesus vem como o “Senhor do sábado”: é ele quem cuida de nós e nos traz o verdadeiro descanso. Para fazê-lo, Jesus está ciente de que terá que sofrer muitas coisas e morrer, antes de ressuscitar.

Em Hebreus fica bem claro que é Jesus quem conduz o povo de Deus para a terra prometida, a terra onde se descansa e vive em segurança, onde Deus cuida de nós. Acolhemos a palavra de Deus pela fé (que é um dom de Deus) e, assim, somos acolhidos por Cristo. Agora é o rosto de Jesus que contemplamos, e esse descanso de ser cuidado por ele produz transformações em nosso modo de viver, em nossa biologia e emoções: deixamos de precisar ter tudo sob controle, de querer planejar tudo com antecedência, de querer possuir tudo o que vemos, e começamos a aprender a perceber o cuidado amoroso do Pai, a crer que nada escapa ao cuidado dele, e podemos relaxar na percepção da sua presença.

O olhar de Cristo por nós é algo que acontece antes de qualquer reflexão ou ação nossa, tal como o Pai do filho pródigo que sai a seu encontro antes dele chegar e pedir qualquer coisa. Ou como com Pedro no pátio do sumo sacerdote, no pior momento de seu pecado, que recebe um olhar cuidador que lhe restaura a ligação com a verdade e a vida.

O sábado – o descanso – é, portanto, um tempo e um lugar especial no qual o Senhor cuida de nós; não é somente que não temos que fazer nada, mas que, antes de tudo, temos a experimentar a realidade de que somos cuidados pelo Pai. Esse cuidado vital ele revela no tempo que se chama “hoje”. Em nosso tempo faz-se presente o rosto de Jesus Cristo: “Assim ainda fica para o povo de Deus um descanso”, uma manifestação do rosto de Jesus Cristo que nos sacia, que traz descanso e alívio para nossas almas, e nos enche de esperança. Deus nos amou e Cristo morreu por nós quando éramos nada mais que pecadores: este é o alívio do sábado, esse é o nosso descanso em Jesus.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A filha de Jairo


 
 
A afirmação de Jesus de que ele era o Messias aumentou as expectativas do povo judeu. Eles testemunharam as curas que ele fazia, sua autoridade sobre a natureza e seu poder sobre os demônios. Jairo, um funcionário responsável pelo funcionamento e manutenção da sinagoga, talvez tenha compartilhado do ceticismo dos líderes judeus. Mas um dilema pessoal o enviou ao Mestre.
A filha de 12 anos de idade desse pai desesperado estava à beira da morte. Nessa jovem mulher estava a esperança do futuro de sua família judaica. Com súplica verdadeira, Jairo insistentemente rogou a Jesus que viesse e colocasse as suas mãos de cura sobre ela. Com passo urgente, ele guiou o mestre e seus discípulos através da multidão curiosa. De repente, Jesus parou e perguntou: “Quem tocou nas minhas vestes?”. Uma mulher extremamente doente e desesperada havia simplesmente tocado a orla de sua veste.

Jairo deve ter estremecido com a interrupção; o tempo era importante para ele. O seu espírito ansioso deve ter se alegrado quando viu o milagroso restabelecimento de uma mulher que havia sofrido tanto tempo quanto sua menininha havia vivido.
Mas naquele momento de regozijo, seus próprios servos chegaram com notícias trágicas: sua filha havia morrido. Era tarde demais.

Naquele instante de desesperança, Jesus lhe  falou: “Não temas, crê somente, e será salva”. O Senhor ajudou Jairo a voltar o foco para a fé e esperança. Escapando de confusão, Jesus escolheu Pedro, Tiago e João para entrar com ele no lar desses pais afligidos pelo pesar. Os enlutados estavam no local, e Jesus disse: A menina não está morta, mas dorme. Ouvindo isso, zombaram com descrença. Ele ordenou que as carpideiras saíssem, e na tranquila privacidade segurou a mão da menina morta e disse: “Levanta-se Menina!”. A menina se levantou e caminhou, e o Médico dos médicos ordenou que lhe dessem comida.
Somente o salvador pode dar vida a todas as jovens. E ele se preocupa profundamente com elas. Os três evangelhos sinópticos relatam esse milagre, não somente confirmando a divindade de Jesus Cristo, mas também nos lembrando que ele continua sendo o nosso sumo sacerdote e que se compadece de nossas fraquezas. Ele nos convida a nos achegarmos “com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”. (Hb 4.16)
A Bíblia da Mulher - Estudo e devocional

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Dizimar e ofertar.





por EdRené Kivitz

Dar dinheiro na igreja tem sido uma prática cada vez mais questionada. Certamente em virtude dos abusos de lideranças religiosas de caráter duvidoso, e a suspeita de que os recursos destinados à causa acabam no bolso dos apóstolos, bispos e pastores, não são poucas as pessoas que se sentem desestimuladas à contribuição financeira. Outras tantas se sentem enganadas, e algumas o foram de fato. Há ainda os que preferem fazer o bem sem a intermediação institucional. Mas o fato é que as igrejas e suas respectivas ações de solidariedade vivem das ofertas financeiras de seus frequentadores e fiéis. Entre as instituições que mais recebem doações, as igrejas ocupam de longe o primeiro lugar na lista de valores arrecadados. Por que, então, as pessoas contribuem financeiramente nas igrejas?

Não são poucas as pessoas que tratam suas contribuições financeiras como investimento. Contribuem na perspectiva da negociação: dou 10% da minha renda e sou abençoado com 100% de retorno. Tentar fazer negócios com Deus é um contra-senso, pois quem negocia sua doação está preocupado com o benefício próprio, doa por motivação egoísta, imaginando levar vantagem na transação. É fato que quem muito semeia, muito colhe. Mas essa não é a melhor motivação para a contribuição financeira na igreja.

Há quem contribua por obrigação. É verdade que a Bíblia ensina que a contribuição financeira é um dever de todo cristão. A prática do dízimo, instituída no Antigo Testamento na relação de Deus com seu povo Israel foi referida por Jesus aos seus discípulos, que deveriam não apenas dar o dízimo, mas ir além, doando medida maior, excedendo em justiça. A medida maior era na verdade muito maior. Os religiosos doam 10%, os cristãos abrem mão de tudo, pois crêem que não apenas o dízimo pertence a Deus, mas todos os recursos e riquezas que têm em mãos pertencem a deus e estão apenas sob seus cuidados.

Alguns mais nobres doam por gratidão. Pensam, “estou recebendo tanto de Deus, que devo retribuir contribuindo de alguma maneira”. Nesse caso, correm o risco de doar apenas enquanto têm, ou apenas enquanto estão sendo abençoados. A gratidão é uma motivação legítima, mas ainda não é a melhor motivação para a contribuição financeira.

Existem também os que contribuem em razão de seu compromisso com a causa, com a visão, acreditam em uma instituição e querem por seu dinheiro em algo significativo. Muito bom. Devem continuar fazendo isso. Quem diz que acredita em alguma coisa, mas não mete a mão no bolso, no fundo, não acredita. Mas essa motivação está ainda aquém do espírito cristão. Aliás, não são apenas os cristãos que patrocinam o que acreditam.

Muitos são os que doam por compaixão. Não conseguem não se identificar com o sofrimento alheio, não conseguem viver de modo indiferente ao sofrimento alheio, sentem as dores do próximo como se fossem dores próprias. Seu coração se comove e suas mãos se apressam em serviço. A compaixão mobiliza, exige ação prática. Isso é cristão. Mas ainda não é suficiente.

Poucos contribuem por generosidade. Fazem o bem sem ver a quem. Doam porque não vivem para
acumular ou entesourar para si mesmos. Não precisam ter muito. Não precisam ver alguém sofrendo, não perguntam se a causa é digna, não querem saber se o destinatário da doação é merecedor de ajuda. Eles doam porque doar faz parte do seu caráter. Simplesmente são generosos. Gente rara, mas existe. O relacionamento com Jesus gera esse tipo de gente.

Finalmente, há os que contribuem por piedade. Piedade, não no sentido de pena ou dó. Piedade como devoção, gesto de adoração, ato que visa apenas e tão somente manifestar a graça de Deus no mundo. Financiam causas, mantém instituições, ajudam pessoas, tratam suas posses como dádivas de Deus, e por isso são gratos, e são generosos. Mas o dinheiro que doam aos outros, na verdade entregam nas mãos de Deus. Para essas pessoas, contribuir é adorar.

sábado, 22 de setembro de 2012

Pai Nosso...




Pai nosso – Jesus nos apresenta Deus como Pai. É o reconhecimento de que ele é a nossa origem e nosso destino. Dele viemos, com Ele vivemos e para Ele retornaremos. Estas verdades são de grande apoio e conforto espiritual e emocional para todos nós, apesar de tudo o que eventualmente possamos ter sofrido ou ainda vir a sofrer. Deus não pode ser comparado a um pai ou mãe terreno, pois Ele não depende de nenhuma circunstância terrena ou humana. Este Pai é o eterno, diferenciado, o sagrado, o sublime, invisível, absolutamente especial. Não é o pai/mãe que conhecemos (ou que não conhecemos), e sim, aquele que precisamos conhecer, diferente e superior a tudo o que já vimos ou imaginamos. Nosso quer dizer que Ele é o pai de todos os filhos de seu reino, um reino onde ninguém é órfão, onde para entrar basta pedir.
Que estás no céu – Não o vemos com os olhos da face, mas a alma o conhece, sabe que ele está aí e nele confia. Mesmo não estando ao alcance da mão, a alma o abraça e é abraçada por ele. Também os ouvidos não o ouvem, mas o coração ouve.

Que todos reconheçam que o teu nome é santo – Todos, sem exceção, vão reconhecer que Deus é especial: precioso, incomparável, imbatível, não contaminado pelo pecado como nós.

Venha o Teu reino – O Senhorio divino cria como que um reino, um ambiente destinado a todos os que chamam pelo nome de Deus. O Reino não é um sonho humano; é a promessa de Deus. Então a frase “Venha o teu Reino” significa: “queremos participar do teu reino agora”, e também que desejamos que ele já submeta o universo inteiro.
Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu – Que nosso coração reconheça a Santidade do Pai, e acima de tudo que sua vontade seja o que buscamos todos os dias. O submeter-se à vontade sábia, bondosa e eterna de Deus abrange a terra e o céu, sem deixar de lado a vida interior, ou seja, o coração e a mente das pessoas, suas emoções, fantasias, sentimentos, pensamentos e ações.

Dá-nos hoje o alimento de que precisamos – Deus nos criou de modo tal que precisamos de alimento todos os dias e até mesmo várias vezes no dia. O ensino de Jesus sobre a oração enfoca este assunto numa súplica. Ele até acrescenta que Deus é a fonte última de nosso alimento. Jesus sempre agradecia a Deus pelo alimento, não como hábito ou por dever, mas realmente reconhecendo que tudo o que temos nos é dado, a começar pela própria vida. O alimento físico ganha toda a sua importância pelo fato de ser dado por Deus. Isto quer dizer que até o alimento material é espiritual, porque vem do Pai.
Perdoa as nossas ofensas – Pedimos perdão porque “não temos desculpa” pelo que fizemos e fazemos. O pecado humano não foi mera distração, não foi um “acidente”. Foi uma tragédia: de algum modo, viramos as costas para Deus. Pusemos a perder a harmonia que tínhamos antes com Deus, e agora somos sim, pecadores. Tal como precisamos de nosso pão a cada dia, também precisamos – e recebemos! – perdão a cada dia. Deus diariamente renova suas misericórdias e nos concede sempre pão e perdão. O perdão de Deus estabelece o padrão para a nossa vida e inclui os outros, de quem Deus também é Pai. Assim, perdoar os outros e receber o perdão de Deus podem estar no mesmo plano e compor uma só realidade. Afinal, perdão não tira a verdade da culpa, da nossa condição errante, mas desvia a punição (para o Messias)! Deus, então, nos trata como se não fôssemos culpados. A isto a Bíblia chama perdão, graça, misericórdia, amor.

Como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam – Jesus tocou aqui em um ponto delicado e difícil, tanto de entender como de praticar, que é a ligação entre dar e receber perdão. Não damos lição a Deus obrigando-o a perdoar-nos porque perdoamos antes os nossos ofensores! Mas os que perdoam sabem o sacrifício enorme que isto representa – algo que lembra o que o nosso Pai fez.  Para perdoar temos de superar nossas raivas, iras e rancores. Só aí podemos abrir a porta do coração para quem nos ofendeu. Assim saberemos ser reconhecidos e gratos a quem nos perdoa. Isto nos dá saúde psicológica e emocional, ou seja, a paz de espírito que nos liberta do jugo do ódio.
Nosso pedido de perdão a Deus é ainda mais importante considerando que não temos o menor direito de recebê-lo. No entanto, Jesus retrata a bondade divina ao nos autorizar a pedir isto ao Pai, mesmo sem termos direito algum! Perdoar prepara-nos para receber perdão. Aí saberemos do que estamos falando ao orar como Jesus ensinou. Igualmente, recebendo perdão, através de nosso reconhecimento de culpa, também nos preparamos para perdoar, como fomos perdoados. Foi isto que Jesus mostrou ao fariseu que o hospedava, quando a mulher pecadora lhe ungiu os pés.

E não deixeis que sejamos tentados, mas livra-nos do mal – Peçamos a Deus que nos ajude a nem sequer desejar fazer o mal. E no caso de a tentação vir, que nosso Pai não nos deixe cair, pois será sempre o maligno que estará por trás de toda tentação.

 

Bíblia de Estudo - Conselheira

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um Mensageiro da Justiça...





O Pastor Martin Luther King Júnior falou à sua igreja, em Atlanta, Estados Unidos, dois meses antes de sua morte:

 Se alguém aqui estiver presente quando chegar a minha hora, não quero um enterro prolongado. Se alguém fizer o elogio fúnebre, digam-lhe que não fale demais. Às vezes, penso no que eu gostaria que essa pessoa dissesse.

Digam-lhe que não mencione que eu tenho o Prêmio Nobel da Paz – isso não é importante.
Digam-lhe que não fale que eu tenho mais de 300 ou 400 prêmios, isso não é importante.

Digam-lhe que não fale na Universidade onde eu estudei.
Gostaria que alguém falasse no dia em que Martin Luther King Jr. tentou dar a vida para servir aos outros.

Gostaria que alguém falasse no dia em que Martin Luther King Jr. tentou amar alguém.
Quero que alguém fale no dia em que tentei ser justo e marchei com eles. Quero que possam falar no dia em que tentei dar de comer aos que tinham fome. Quero que possam falar no dia da minha vida em que tentei vestir os que estavam nus. Quero que falem do dia da minha vida em que tentei visitar os que estavam na prisão. E quero que digam que procurei amar e servir a humanidade.

Sim, se quiserem, digam que eu fui um mensageiro. Digam que fui um mensageiro da justiça. Digam que fui um mensageiro da paz. Digam que eu fui um mensageiro da retidão. E todas as outras coisas supérfluas não terão importância. Não terei dinheiro para deixar, não terei as coisas boas e luxuosas da vida para deixar, quero deixar apenas uma vida de serviço.
Se puder ajudar alguém à minha volta, se puder alegrar alguém com uma palavra ou canção, se puder mostrar o caminho a alguém que está andando errado, não terei vivido em vão.

Se puder cumprir meu dever de cristão, se puder levar a salvação ao mundo arrasado, se puder difundir a mensagem que o Mestre a ensinou, então, minha vida não terá sido em vão.

 

Martin Luther King Jr.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Caridade - Um evangelho social


 

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Efésios 2:8

Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada.
Tiago 2:22


Tiago não coloca a fé em grau de igualdade com as obras, mas sim discutes dois tipos de fé: uma fé morta e uma fé para salvação.
A fé para salvação não é simplesmente uma profissão ou uma reivindicação vazia, nem apenas a aceitação de um credo. A fé para a salvação é a que produz uma vida obediente.

Nossas obras mostram a autenticidade do que professamos.
A fé cria obras, e as obras aperfeiçoam a fé.

Paulo enfatiza que a fé não são atos religiosos sem um coração renascido. Tiago ressalta que a fé não é um coração renascido sem atos. Nenhum deles concordaria com a validade de uma fé que se confessa mais é vazia.

Bíblia de Estudo - Plenitude.
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Existe um contexto, um pano de fundo, por detrás de todas as obras de caridade que a igreja realiza, e esse pano de fundo é a fé em Jesus Cristo. É um erro grave – um erro danoso – supor que o Cristianismo é primariamente um sistema de ética, ou que ele é principalmente um chamado para a justiça social e as obras de caridade. Interpretar o Evangelho de Jesus Cristo como puramente, ou até mesmo principalmente, um evangelho social é distorcer a sua mensagem e negar o seu poder. Boas obras não produzem uma religião pura, mas esta produz as boas obras. Esta distinção deve ser mantida.
 Algumas pessoas estão aparentemente tão ávidas para alcançar certos tipos de pessoas que elas se transformariam tanto para se adaptar àquelas, que no final dificilmente restaria alguma diferença considerável entre elas e as pessoas que estão tentando alcançar. Se elas são tão parecidas com aquelas pessoas, então porque aquelas precisam se converter? Se elas chegam até aquelas pessoas e usam o mesmo palavreado de baixo calão, vestem o mesmo tipo de roupas, fazem o mesmo tipo de piadas sujas, cantam e ouvem o mesmo tipo de músicas mundanas, e fazem muito de tudo o que os incrédulos fazem, então essas pessoas já foram poluídas.

Tiago diz que a religião pura e imaculada não apenas cuida dos órfãos e viúvas, mas também se mantém guarda alguém de ser poluído pelo mundo. Isso reforça a ideia de que o Cristianismo não é um evangelho social. A filosofia bíblica do ministério e do evangelismo é remover qualquer abertura desnecessária sem ir a extremos ridículos ao fazê-lo. “O que é ridículo?”, você diz. Um exemplo atual é parafrasear todo o Novo Testamento na “linguagem das ruas”. Quando um crente vai para as “ruas” com isto, logo de início ele causa a impressão de que Deus não se importa com a pureza de suas palavras, ou pelo menos que ele não se importa com isto.
Novamente, a filosofia bíblica de ministério é remover qualquer obstáculo desnecessário, mas a filosofia desorientada sobre a qual estamos falando agora crê que a forma de alcançar o mundo é mostrar aos incrédulos que, no final das contas, não somos tão diferentes deles. Olhando da perspectiva da eficácia no ministério, da fidelidade à palavra de Deus, e da perspectiva de manter uma religião pura e imaculada, se esta é a nossa filosofia de ministério, então poderíamos também deixar os órfãos e as viúvas morrerem de fome.

O que eu estou dizendo é que nós não podemos deixar que as preocupações sociais dirijam nossa fé e prática, e não podemos deixar que nossa mensagem se torne meramente um evangelho social; de outra forma, todo o nosso empreendimento se tornará sem poder e sem significado. Nosso trabalho se tornará um que salva o estômago, mas que deixa a alma morrer de fome. De fato, se a igreja se torna uma mera instituição social, uma organização para promover obra de caridade e bem-estar do homem natural, então ela perde sua própria razão de existência.

Ora, o mundo daria boas-vindas à semelhante instituição, e amaria nada mais do que uma igreja humanística e sem poder, ao invés de ouvi-la pregar uma mensagem do céu que também tem implicações éticas e sociais. Assim, nossa obra social e de caridade deve ser dirigida por preocupações espirituais e princípios bíblicos. Ela deve ser fruto da verdadeira fé e da religião pura, e não o objeto último, a natureza ou o propósito da nossa fé.
Extraído do livro "Religião Pura" da Ed. Monergismo

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A consumação da história humana na cruz.

 
Numa visualização da cena do Calvário vemos Jesus no meio de dois homens com disposições espirituais opostas, cada um pendurado numa cruz.
Simbolicamente, Jesus está colocado no meio da humanidade. Ele é o centro e a possibilidade de superação de todas as contradições humanas.
Sua cabeça aponta para o céu, de onde procede e para onde retorna. Ele era, conforme pensavam, filho de José... filho de Adão, filho de Deus. Jesus liga o céu com a terra, liga a humanidade com Deus.
Seus braços estão fixos na haste horizontal como que abraçando a todos, ofertando graça.
Suas mãos cravejadas, sangrando, doando vida.
Seus pés apontam para a terra e seus dedos, como raízes, testemunham de seu aspecto terreno, seu profundo vínculo conosco.
Assim o verbo encarnado, o Emanuel – Deus conosco – assumiu a plenitude do humano, absorveu a condenação destinada a toda humanidade. Ele tragou a morte e desceu às profundezas do abismo, de onde ressurgiu ao terceiro dia. Sua jornada heroica, santa e salvadora sepulta a velha ordem iniciada com a queda, dominada pelo pecado, e abre as portas da eternidade gloriosa para os que recebem.
Bíblia de Estudo - Conselheira - SBB

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A abundante GRAÇA da Igreja perseguida.





"Preciso me encontrar com os cristãos perseguidos porque eles me incentivam a apreciar o privilégio da adoração comunitária e me fazem parar de murmurar sobre minha igreja".

Nós que fazemos parte da Igreja Livre, facilmente nos enfadamos dela. Por anos, eu pouco absorvi frequentando os cultos e reuniões em minha igreja local. Os sermões eram chatos. A música era desconcertante. A comunhão era inexistente.
A experiência de congregar e cultuar com outras pessoas parecia antiga e sem sentido. E era. Não estou exagerando no que falo e nem expressando amargura. Ir para a igreja em meu país era um teste de resistência.

Até que eu conheci de perto a Igreja Perseguida!

Estávamos em 50 pessoas, espremidas em um cômodo no andar de cima. O louvor foi silencioso. A vizinhança era hostil à comunidade. Então, um pregador se levantou. Um homem idoso com uma estrutura magra e mechas de cabelo saltando de uma mancha em seu queixo. Tão logo ele disse uma frase, irrompeu em lágrimas. Ele continuava dizendo: 'Nunca pensei que teria o privilégio de pregar novamente'. Então, ele ria e chorava, repetindo grandes gemidos e soluços. Logo, todos estavam chorando com ele. Exceto eu. Isto prosseguiu por cerca de meia hora e comecei a ficar enfadado de tudo e de todos. Ele continuava a falar a mesma coisa e meu tradutor continuava dizendo: 'É o mesmo versículo, é o mesmo versículo'. Tudo o que esse homem fazia era repetir a mesma frase da Escritura, explodir em lágrimas, rir e, então, falar a mesma frase novamente. Pensei comigo: 'Que tipo de culto é esse? Que culto inútil!'
Mas, após o culto, conheci o homem idoso e, ao ouvir sua história, me arrependi de minha atitude.

Ele era um pregador que havia sido ordenado no fim dos anos 50, na China. Pastoreou uma igreja por apenas seis meses, antes de ser fechada. Foi preso, passando 20 anos na prisão. Após sair, ficou doente por muito tempo, mas, finalmente, com a idade de 77 anos, teve forças para falar novamente.
Eu havia testemunhado seu primeiro sermão em 31 anos! Não é de admirar que ele não tenha se controlado. Tentei imaginar como deve ter sido manter a palavra de Deus consigo por 31 anos sem saber se voltaria a pregá-la novamente. Então, de repente, poder fazê-lo.

Como se prega um sermão após um silêncio de 31 anos? Não é de admirar que ele tenha sido superado pela emoção. Ele disse: 'Nunca pensei que teria o privilégio de pregar a Palavra a um grupo de cristãos com suas Bíblias abertas novamente. Nos longos anos de prisão, pensei que essa experiência nunca mais aconteceria. E quando aconteceu, tudo o que eu podia fazer era engasgar no versículo que me manteve: 'Cantem o seu louvor na assembleia dos santos' (Sl. 149.1b).'
Voltei para casa com a mente transformada. Comecei a frequentar a igreja com entusiasmo, exibindo a todos a minha Bíblia, louvando-O pela liberdade. Chegava na igreja bem mais cedo, andava pelos corredores e orava, agradecendo a Deus pelo prédio e pela liberdade de fazer nosso culto.

Quando o pregador falou, agradeci a Deus por ele não ter medo. Quando a Bíblia foi lida, agradeci a Deus pelos homens que arriscaram suas vidas, no passado, para imprimir e distribuir esta palavra em minha língua. Quando cantamos um hino, eu cantei alto, agradecendo a Deus por não ter de sussurrar em tons silenciosos.
Verdadeiramente, posso dizer que é glorioso participar da adoração em comunidade! Parei de reclamar de quão pobre era essa experiência e me regozijei pelo puro privilégio de frequentar uma reunião sem medo.

A Igreja Perseguida me resgatou da amargura, da mesmice, da mornidão espiritual e me ensinou a testemunhar dos feitos do Senhor, das bênçãos recebidas, especialmente daquelas às quais eu não dava valor.

Ron Boyd-MacMillan é coordenador estratégico e trabalha com a Portas Abertas Internacional há mais de 20 anos.

domingo, 16 de setembro de 2012

O mistério do sofrimento





De muitas maneiras o sofrimento é um mistério. Sinto-me confortado com o que Francis Schaeffer me disse muitas vezes: “Agora vemos apenas o lado devedor da fatura. Ainda não vemos o lado do crédito. Quando virmos toda a fatura, então diremos: ‘Por que não vi as coisas desta maneira antes?’”. Essa é a razão por que a Bíblia nos ensina a enxergar agora pela fé. Embora o sofrimento seja um mistério para nós, ele não é um mistério para Deus. Os mistérios podem ser dolorosos, mas não deveriam nos deixar perplexos. Para Deus não há mistério. Ele está satisfeito porque vê a fatura toda. Também ficaremos satisfeitos quando virmos todas as coisas com base na perspectiva de Deus. Até lá, devemos aprender a nos contentar com a satisfação de Deus. Se fizermos isso, teremos paz.


Fonte: “O sofrimento e a soberania de Deus” de John Piper e Justin Taylor

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Rute: Uma mulher piedosa!





por Emilio Garofalo Neto

A história de Rute é uma das mais amadas da bíblia. O povo acha “Orgulho e Preconceito” o máximo porque não conhece Rute! Tudo bem, Mr. Darcy e Elizabeth tem seu charme, mas Rute e Boaz vão além de ser uma história de amor; é uma história de Providência, de Graça, de Vida Eterna. Essa sim é de chorar e cair de joelhos! Em um livro curto e fácil de ler, encontramos a bela história de uma mulher moabita indo morar na terra prometida, abraçando o Deus verdadeiro e encontrando redenção.

Rute nasceu em família pagã; sua criação não envolveu aprender a lei de Deus, não tinha referência às promessas divinas de redenção. Nunca foi ensinada sobre verdadeira adoração, sobre viver piedosamente, sobre as promessas do Messias. Apesar disso ela provavelmente sabia algo sobre os Israelitas, povo vizinho. Talvez tenha ouvido notícias de que havia uma fome em Belém de Judá; que ironia, na cidade chamada Casa de Pão estava faltando pão…

Um dia chega uma família de hebreus vindo morar em Moabe. Elimeleque, nome de gente importante, com sua esposa Noemi e seus dois filhos Malom, e Quiliom. E não é que estes hebreus logo se interessam por moças de Moabe? Rute se casa com um deles e aprende coisas sobre o Deus dos hebreus, Iavé que os tirou da escravidão no distante Egito.

Eventualmente morrem todos os homens, ficando apenas a sogra Noemi com ela e sua concunhada Orfa. Noemi decide que vai voltar para tentar a vida em Belém; estavam chegando notícias de que Iavé se lembrara de seu povo. Noemi não tinha mais nada a fazer em Moabe e decide como uma filha pródiga retornar à casa do Pai.

Noemi insistiu, instou, argumentou; não teria porque as moças irem com ela. Noemi não tinha mais filhos para se casarem com elas… E mesmo que Noemi tivesse filhos, iriam Orfa e Rute esperar até eles crescerem? O que Noemi não falou é tão pesado quanto o que ela disse; estava implícito algo difícil de explicar: nenhum hebreu fiel a Iavé cometeria o erro de Malom e Quiliom de se casarem com moças pagãs. Noemi sugere que o melhor para elas seria ficar. Orfa escolhe o caminho fácil e mais garantido, se despede de Noemi e da história. Rute decide que vai. Mesmo que isso signifique não casar; mesmo que isso resulte em não mais voltar a Moabe, mesmo que isso implique em deixar sua família e amigos e casa. Pois ela aprendeu algo vital; ela aprendeu sobre Iavé, o Deus verdadeiro que resgata seu povo de seus pecados. Rute faz um pacto com Noemi de que se agarraria a ela. Numa das mais famosas passagens do AT ela jura: “não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te, porque, aonde quer que fores irei eu e, aonde quer que pousares ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada…” Rute 1:16

A fidelidade de Rute para com Noemi é bela, mas ela é acima de tudo fidelidade para com o Deus de Noemi. Rute não está simplesmente dizendo vou ficar contigo e cuidar de você até morreres; mesmo depois da morte de Noemi ela irá ficar com seu novo povo, ela irá habitar entre os hebreus, ela irá ser um deles pois agora ela conheceu esse novo Deus. É uma mudança de fidelidade do coração.

Rute chega em Belém e não quer saber de moleza; não fica reclamando da vida (como Noemi) ou se dizendo amarga e incapaz (como Noemi, de novo). Ela vai em frente, encara a colheita, trabalha de sol a sol, faz o que é necessário para o bem de sua família. A mulher piedosa não faz como Noemi, encostando-se a sua amargura e esperando que algo aconteça; a mulher piedosa como Rute age dentro dos parâmetros da lei de Deus e segue em confiança na sua providencia. Rute não tem muitas alternativas, mas ela pode colher espigas segundo a lei, e é o que ela faz, tornando frutífero o tempo e oportunidades que ela tem. A mulher piedosa não fica agindo como se a vida lhe devesse, como se Boaz lhe devesse, como se Deus lhe devesse; a mulher piedosa não fica apontando o dedo em riste para Deus dizendo “Eu deixei minha família e minha terra por ti e por Noemi, porque é que não me abençoas e tenho que ficar colhendo espigas?”. Não, ela sabe que é melhor colher espigas nos campos de Iavé do que se fartar nos campos de Moabe.

Na providência do Senhor, Rute eventualmente conhece um homem chamado Boaz, homem bom e piedoso que ama a Iavé e conhece sua Lei. Boaz a trata tão bem que ela se surpreende; como é que uma estrangeira pode ser tão bem tratada? Noemi percebe a oportunidade de ao mesmo tempo conseguir um marido para Rute e recuperar as terras de seu marido falecido.

Rute segue os conselhos de Noemi e escuta a orientação piedosa e sábia de Boaz; ela não tenta usufruir da situação, seduzir o homem, armar esquemas, fazer conchavos. Ela confia no Senhor e segue trabalhando, entendendo que cabe a ela fazer o que está a seu alcance e deixar que Deus cumpra o Seu plano.

Rute tem coragem de deixar claro para Boaz quais são suas intenções; ela não usa meias palavras, ela não usa de falsas estratégias; seu sim é sim, e seu não é não: “Sou Rute tua serva, estende a tua capa sobre tua serva, porque tu és resgatador”.

É importante entendermos melhor essa idéia do resgatador; Boaz era alguém que estava numa posição de cuidar de Noemi e de Rute, resgatando as terras que eram de Elimeleque. Isso envolveria nesse caso uma união matrimonial com Rute, trazendo descendentes para esta casa. Um outro homem ficou interessado na possibilidade até ficar sabendo que ia ter de casar com Rute; não gostou da ideia de ter de dividir suas posses com outra família nem de elevar o nome do morto. Passou a vez. Boaz estava menos preocupado com seu nome do que em fazer o bem e se interessou verdadeiramente por aquela mulher piedosa, trabalhadora, fiel e transparente.

O final da história é de encher o coração; Rute a moabita é agora parte do povo de Deus. Ela que nascera sem esperança humana de conhecer o Deus verdadeiro, por meio da maravilhosa teia da providência divina casou-se com um homem que a levou a conhecer Iavé. E o final do livro reserva surpresas! Rute se torna ancestral do próprio Rei Davi!

Aliás, o livro é colocado precisamente entre Juízes e 1 Samuel; um indicador de sua posição histórica; é o livro de conexão entre o complicado período dos Juízes e o tempo dos reis. E Rute é parte dessa conexão. Se isso já não fosse o suficiente, o evangelho de Mateus (1:5) mostra que Rute foi ancestral do próprio salvador, o Senhor Jesus Cristo!

Não importa a sua origem; o importante é a quem você está unida. Não importa se vens do paganismo, se nunca te ensinaram o evangelho quando criança – o importante é que se agarre ao seu resgatador Jesus Cristo que te faz parte da família de Deus. Faltava pão na casa de Pão (Belém), e Deus usou a estrangeira Rute para trazer a cabo o nascimento, naquela mesma cidade, do Pão da vida.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Olhe adiante com Fé.





Alguns de nós recebemos diploma de pós-graduação na Universidade da Ansiedade. Vamos dormir preocupados, com medo de não acordar; acordamos preocupados porque dormimos mal.
Preocupamo-nos porque alguém pode descobrir que alface engorda.

A mãe de uma adolescente lamentou: “Minha filha não me conta nada. Estou com os nervos em frangalhos”. Outra mãe replicou: “Minha filha me conta tudo. Estou com os nervos em frangalhos”.

Você não adoraria parar de se preocupar? Que tal ter um abrigo forte para proteger-se dos elementos cruéis da vida?
Deus oferece-lhe exatamente isto: a possibilidade de uma vida livre de preocupações. Não com menos preocupações, mas sem nenhuma preocupação.

Ele criou uma abóbada para seu coração. “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Fp 4:7)
Gostou? Então dê uma boa olhada no restante da passagem.

Não andeis ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.
Os cristãos em Filipos necessitavam de uma redoma. Sofriam ataques de todos os lados. Os Pregadores falavam de Cristo por ambição egoísta. Os membros da igreja brigavam entre si e ameaçavam a unidade da igreja. Os falsos mestres pregavam um evangelho sem a cruz. Alguns convertidos lutavam para encontrar alimento e abrigo. Perseguições do lado de fora. Problemas do lado de dentro.

Eram casas de marimbondo suficientes para preocupar qualquer um. As pessoas em Filipos conviviam com elas. As pessoas de hoje também. Para elas e para nós Deus oferece esta proposta surpreendente: “Não se preocupem com nada.”
“Ah, sim, está certo. Quando eu estiver preocupado, vou brincar de pular sela na lua. Você está brincando?”

Jesus não está. Duas palavras resumem a opinião Dele a respeito da preocupação: irrelevante e irreverente.
“Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?” (Mt 6:27)

A preocupação é irrelevante. Não altera nada. Qual foi a última vez que você resolveu um problema por ter-se preocupado com ele? Imagine alguém dizendo: “Tenho contas atrasadas para pagar, por isso resolvi preocupar-me para livrar-me das dívidas. E sabe de uma coisa? Deu certo! Algumas noites sem dormir, um dia inteiro vomitando e torcendo as mãos de desespero. Gritei com meus filhos, tomei alguns comprimidos, e – graças à preocupação – o dinheiro apareceu em minha mesa.”
Isso não acontece! A preocupação não muda nada. Não acrescenta nem um dia à sua vida nem um pedacinho de vida ao seu dia.

E como podemos parar de agir assim? Paulo oferece uma resposta dupla: a parte de Deus e a nossa parte. A nossa parte inclui oração e gratidão. “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.”
Quer preocupar-se menos? Então ore mais!

Em vez de olhar adiante com medo, olhe para cima com fé.

(Quem tem sede venha. Max Lucado)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A verdade, a crença e a fé




por Ed René Kivitz

Jacques Ellul fez a distinção entre fé e crença. Crença é a afirmação racional que descreve a realidade, o mundo que nos cerca descrito em palavras, o conjunto de doutrinas que adotamos para organizar a realidade e nos situarmos nela, isto é, a maneira como enxergamos o mundo, a vida, e como devemos nos comportar de modo a que nossa existência tenha sentido: significado e direção. Existem crenças filosóficas, ideológicas, científicas e, principalmente, religiosas. A crença diz respeito ao que acreditamos: que o homem é a medida de todas as coisas, que o capitalismo é o melhor modelo econômico, que a terra gira ao redor do sol, que Jesus Cristo é Deus, por exemplo.


As religiões estão baseadas em crenças: os muçulmanos acreditam que a revelação definitiva de Deus foi dada a Maomé; os judeus acreditam na Lei de Moisés; os budistas acreditam que todo ser humano pode atingir a iluminação e se tornar um Buda. Dentro de cada sistema religioso existem também divisões em razões de crenças diferentes. Por exemplo: os cristãos chamados arminianos (de Jacobus Arminius), em geral, acreditam que é possível perder a salvação, e os cristãos de tradição calvinista (de João Calvino) acreditam que uma vez salvo, pra sempre salvo, e que se alguém não foi para o céu é porque nunca foi salvo.

As crenças têm uma característica paradoxal: ao mesmo tempo em que aproxima as pessoas, afastam as gentes. As pessoas se ajuntam ao redor de suas crenças, gostam de ficar na companhia de quem tem as mesmas idéias, pratica os mesmos rituais e se comporta de acordo com as mesmas regras morais. O problema é que, geralmente, estas pessoas unidas pelas crenças comuns declaram guerra a todo mundo que não concorda com elas.

Quando Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, estabelece uma nova dimensão de relação com a verdade. A partir dessa declaração de Jesus, a verdade não é mais uma questão de crença, pois já não se trata de explicar e descrever a realidade de maneira racional, mas de se relacionar com uma pessoa: o próprio Jesus. O Novo Testamento Judaico traduz corretamente João 3.16: “Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo que nele confia possa ter vida eterna, em vez de ser completamente destruído”. A relação com Jesus transcende a questão da crença –acredito ou não acredito. É uma questão de fé – confio ou não confio, entrego a ele minha vida ou não entrego.

As crenças pretendem traduzir a verdade em palavras. Mas o relacionamento com uma pessoa será sempre maior do que sua descrição, até porque toda pessoa é sempre maior do que as palavras conseguem descrever. Esta é a razão porque o relacionamento com Jesus está na dimensão da fé, e não da crença. Meu amigo Paulo Brabo, que me ajudou a entender essas coisas, disse algo interessante: “Não tenho como recomendar a crença; sua única façanha é nos reunir em agremiações, cada uma crendo-se mais notável do que a outra e chamando o seu próprio ambiente corporativo de espiritualidade. Não tenho como endossar a crença; não devo dar a entender que a espiritualidade pode ser adequadamente transmitida através de argumentos e explicações. Não devo buscar o conforto da crença; o Mestre tremeu de pavor e não tinha onde reclinar a cabeça. Não devo ouvir quem pede a tabulação da minha crença; minha fé não é aquilo em que acredito. Nunca deixa de me surpreender que para o cristianismo Deus não enviou para nos salvar um apanhado de recomendações ou uma lista suficiente de crenças, mas uma pessoa. Minha espiritualidade não deve ser vivida ou expressa de forma menos revolucionária. Não pergunte em que acredito”. Ao que eu acrescentaria: a pessoa em quem confio – Jesus Cristo, é mais importante do que as coisas em que acredito.




sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Mais que vencedores por Aquele que nos amou






Imagine que você esteja participando de um concurso de patinação no gelo.

Você está em primeiro lugar e se apronta para a apresentação final.

Se você se sair bem, o troféu será seu. Você está nervoso, ansioso e amedontrado.

De repente, apenas alguns minutos antes de sua apresentação, o treinador corre em sua direção com essa notícia sensacional: "Você já venceu! Os juízes contaram os pontos, e o segundo colocado não poderá alcançá-lo. Você tem muitos pontos a mais que ele."

Como você se sentirá ao ouvir essa notícia? Feliz da Vida.

E como será sua apresentação? Tímida? Cautelosa? Claro que não! Terá coragem e confiança? Claro que sim.

Você fará o melhor porque o prêmio já é seu.

Patinará como um campeão porque é isso que você é! E ouvirá os aplausos da vitória...

O ponto principal está claro: A verdade triunfará!

O pai da verdade vencerá, e os seguidores da verdade serão salvos.


O Aplauso do Céu.
Max Lucado.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Renovado a cada manhã



por Max Lucado

Você disse as palavras erradas, foi pelos caminhos errados, amou a pessoa errada, reagiu da maneira errada.
Você falou quando deveria ter escutado, julgou quando deveria ter acreditado, cedeu quando deveria ter resistido.
Mas não deixe os erros do passado sabotarem a sua atitude hoje!
Então, o que faz a diferença?
Chuvas abundantes diariamente! Os dilúvios mantêm o solo úmido, as árvores molhadas e o relâmpago impotente.
Os relâmpagos também o ferem. Os raios do remorso podem inflamá-lo e consumi-lo. Combata-os com a chuvarada da graça de Deus, banhos diários de perdão.
Uma vez por ano não é o bastante. Uma vez por mês é insuficiente. Banhos semanais o deixam seco. Névoa esporádica o deixa inflamável! Você precisa de uma completa imersão todos os dias!
Escolha fazer dele um ótimo dia - todo dia!
 
Notas:

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques Almeida
Texto original extraído do site www.maxlucado.com

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Deixarás pai e mãe...






Você  sabe qual é a condição básica para a formação de uma nova família?
Você  pode dizer: que as pessoas se amem, que sejam dedicados, que se tratem bem, que sejam carinhosos, etc.

Pois eu quero dizer-lhe que é possível pessoas que se amam, que se tratam bem, que são carinhosos entre si, não conseguirem formar uma nova família. Sabe o porquê? Porque não conseguiram abandonar a família antiga.

A Bíblia diz: Por essa razão o homem deixará pai e mãe e se unirá  a sua mulher e eles serão, ambos, uma só carne (Gênesis 2:24).

O amor é essencial para que as pessoas se aproximem, e se encontrem, e desejem ficar juntas. O carinho, o tratar-se bem, é essencial para que elas mantenham o amor, mas, para formar uma nova família é  preciso que elas tenham se libertado da relação anterior; que elas tenham amadurecido a ponto de deixar pai e mãe.

Quantos e quantos casais que se amam, e que se tratam com carinho, e que se querem bem, não conseguem sustentar a sua vida familiar, pelo simples fato de que não conseguiram romper com a casa paterna. E é preciso romper. Romper, não significa passar para um situação de desrespeito, ou e desprezo em relação aos pais, mas significa assumir a autonomia em relação a sua vida. 
Deus, um dia, chama um casal para formar um outro clã, um outro núcleo familiar: e isso significa abandonar o núcleo anterior.

Se antes você, moço, estava submisso ao chefe da casa, que era seu pai, agora você é o chefe de uma nova casa, e essa casa agora é a sua prioridade. Se antes você moça, devia obediência ao seu pai, agora você se relaciona com o seu marido. É  com ele agora que você discute a vida e é com ele que você  a decide. Tem de haver o rompimento.

Quando o marido ou a mulher está sempre voltando para a casa paterna para avaliar o seu casamento, seja como for: reclamando ou simplesmente relatando o que acontece de forma indiscriminada, está condenando a sua casa a desabar.

A nova família tem de nascer de um alicerce próprio. Os pais certamente terão legado aos filhos: estrutura, princípios, valores, fé; mas, quando os filhos são convocados, pela vida e por Deus, a formarem uma nova família, eles têm de levar dos pais os princípios, os valores e a fé que receberam, mas têm de construir a sua casa a partir de um alicerce novo, um alicerce construído a dois. É uma nova história que se está escrevendo, uma nova página que se está  lendo, uma nova estrutura que se está construindo. Há lugar para amor aos pais, lugar para a saudade, mas não há mais lugar para dependência. É assim que a Bíblia diz.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Quando estou ansioso...





por John Piper


Deveríamos seguir o padrão de Jesus e Paulo. Deveríamos lutar contra a incredulidade da ansiedade com as promessas da graça futura. Quando estou ansioso sobre alguma nova aventura ou encontro arriscado, luto com uma das minhas promessas mais frequentemente usadas: Isaías 41:10. O dia que parti para Alemanha, para ficar três anos ali, meu pai me ligou de uma longa distância e me deu essa promessa ao telefone. Por três anos eu devo ter citado-a para mim mesmo umas quinhentas vezes em meio a períodos de tremendo estresse. “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Isaías 41:10). Quando o motor da minha mente está no neutro, o zunido do sistema de marchas é o som de Isaías 41:10.

Quando estou ansioso sobre meu ministério ser inútil e vazio, eu luto contra a incredulidade com a promessa de Isaías 55:11: “Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei.”

Quando estou ansioso sobre ser muito fraco para realizar o meu trabalho, eu luto contra a incredulidade com a promessa de Cristo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9).

Quando estou ansioso sobre decisões que preciso tomar sobre o futuro, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Salmos 32:8).

Quando estou ansioso sobre encarar oponentes, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).

Quando estou ansioso sobre o bem-estar daqueles a quem amo, eu luto contra a incredulidade com a promessa que se eu, sendo mau, sei como dar coisas boas para os meus filhos, “quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7:11). E luto para manter meu equilíbrio espiritual com a lembrança que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor a Cristo “que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna” (Marcos 10:29-30).

Quando estou ansioso sobre ficar doente, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra” (Salmos 34:19). E tomo a promessa com temor: “A tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5:3-5).

Quando estou ansioso sobre estar ficando velho, eu luto contra a incredulidade com a promessa: “Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei” (Isaías 46:4).

Quando estou ansioso sobre morrer, eu luto contra a incredulidade com a promessa que “nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos” (Romanos 14:7-9).

Quando estou ansioso sobre a possibilidade de naufragar na fé e me afastar de Deus, eu luto contra a incredulidade com as promessas: “aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6); e “também pode salvar totalmente os que por ele [Cristo] se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:25).

Essa é a forma de vida que ainda estou aprendendo à medida que me aproximo dos meus cinqüenta anos. Estou escrevendo este livro na esperança, e com a oração, que você se unirá a mim. Lutemos, não contra outras pessoas, mas contra nossa própria incredulidade. Ela é a raiz da ansiedade, a qual, por sua vez, é a raiz de muitos outros pecados. Assim, liguemos nossos pára-brisas, o jato de água e mantenhamos nossos olhos fixos nas mui grandes e preciosas promessas de Deus. Tome a Bíblia, peça auxílio ao Espírito Santo, guarde as promessas em seu coração, e lute o bom combate – viver pela fé na graça futura.

* Nota do tradutor: ”Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou eu aquele, aquele que os susterá. Eu os fiz e eu os levarei; eu os sustentarei e eu os salvarei” (NVI).

sábado, 1 de setembro de 2012

O deus entretenimento



Há muitos anos um filósofo alemão disse alguma coisa no sentido de que, quanto mais um homem tem no coração, menos precisará de fora; a excessiva necessidade de apoio externo é prova de falência do homem interior.


Se isto é verdade (e eu creio que é), então o desordenado apego atual a toda forma de entretenimento é prova de que a vida interior do homem moderno está em sério declínio. O homem comum não tem nenhum núcleo central de segurança moral, nenhum manancial no seu peito, nenhuma força interior para colocá-lo acima da necessidade de repetidas injeções psicológicas para dar-lhe coragem para continuar vivendo. Tornou-se um parasita no mundo, extraindo vida do seu ambiente, incapaz de viver um só dia sem o estímulo que a sociedade lhe fornece.

Schleiermacher afirmava que o sentimento de dependência está na raiz de todo culto religioso, e que por mais alto que a vida espiritual possa subir, sempre tem que começar com um profundo senso de uma grande necessidade que somente Deus poderia satisfazer. Se esse senso de necessidade e um sentimento de dependência estão na raiz da religião natural, não é difícil ver porque o grande deus entretenimento é tão cultuado por tanta gente. Pois há milhões que não podem viver sem diversão. A vida para eles é simplesmente intolerável. Buscam ansiosos o alívio dado por entretenimentos profissionais e outras formas de narcóticos psicológicos como um viciado em drogas busca a sua injeção diária de heroína. Sem essas coisas eles não poderiam reunir coragem para encarar a existência.

Ninguém que seja dotado de sentimentos humanos normais fará objeção aos prazeres simples da vida, nem às formas inofensivas de entretenimentos que podem ajudar a relaxar os nervos e revigorar a mente exausta de fadiga. Essas coisas, se usadas com discrição, podem ser uma benção ao longo do caminho. Isso é uma coisa. A exagerada dedicação ao entretenimento como atividade da maior importância para a qual e pela qual os homens vivem, é definitivamente outra coisa, muito diferente.

O abuso numa coisa inofensiva é a essência do pecado. O incremento do aspecto das diversões da vida humana em tão fantásticas proporções é um mau presságio, uma ameaça às almas dos homens modernos. Estruturou-se, chegando a construir um empreendimento comercial multimilionário com maior poder sobre as mentes humanas e sobre o caráter humano do que qualquer outra influência educacional na terra. E o que é ominoso é que o seu poder é quase exclusivamente mau, deteriorando a vida interior, expelindo os pensamentos de alcance eterno que encheriam a alma dos homens, se tão-somente fossem dignos de abrigá-los. E a coisa toda desenvolveu-se dando numa verdadeira religião que retém os seus devotos com estranho fascínio, e, incidentalmente, uma religião contra a qual agora é perigoso falar.

Por séculos a igreja se manteve solidária contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o pelo que era – um meio para desperdiçar o tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um esquema para desviar a atenção da responsabilidade moral. Por isso ela própria sofreu rotundos abusos dos filhos deste mundo. Mas ultimamente ela se cansou dos abusos e parou de lutar. Parece Ter decidido que, se ela não consegue vencer o grande deus entretenimento, pode muito bem juntar suas forças às dele e fazer o uso que puder dos poderes dele. Assim, hoje temos o espantoso espetáculo de milhões de dólares derramado sobre o trabalho profano de providenciar entretenimento terreno para os filhos do Céu, assim chamados. Em muitos lugares, o entretenimento religioso está eliminando rapidamente as coisas sérias de Deus. Muitas igrejas nestes dias têm-se transformado em pouco mais do que pobres teatros onde “produtores” de quinta classe mascateiam as suas mercadorias falsificadas com total aprovação de líderes evangélicos conservadores que podem até citar um texto sagrado em defesa de sua delinqüência. E raramente alguém ousa levantar a voz contra isso.

O grande deus entretenimento diverte os seus devotos principalmente lhes contando estórias. O gosto por estórias, característicos da meninice, depressa tomou conta das mentes dos santos retardados dos nossos dias, tanto que não poucas pessoas, pelejam para construir um confortável modo de vida contando lorotas, servido-as com vários disfarces ao povo da igreja. O que é natural e bonito numa criança pode ser chocante quando persiste no adulto, e mais chocante quando aparece no santuário e procura passar por religião verdadeira.

Não é uma coisa esquisita e um espanto que, com a sombra da destruição atômica pendendo sobre o mundo e com a vinda de Cristo estando próxima, os seguidores professos do Senhor se entreguem a divertimentos religiosos? Que numa hora em que há tão desesperada necessidade de santos amadurecidos, numerosos crentes voltem para a criancice espiritual e clamem por brinquedos religiosos?

“Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido; considera, e olha para o nosso opróbrio. … Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós porque pecamos! Por isso caiu doente o nosso coração; por isso se escureceram os nossos olhos.” Amém.


extraído do livro “O Melhor de A. W. Tozer”, Editora Mundo Cristão
Blog: O Filho de Davi