terça-feira, 31 de maio de 2011

Justiça X Perdão

por Ariovaldo Ramos

A justiça não pode perdoar porque é justiça.
A justiça não pode ser preterida, é o princípio de ação e reação, é  o princípio de compensação do universo.
Justiça  é fato de sustentabilidade da existência.
Quem perdoa tem de assumir o ônus da justiça sofrendo a conseqüência da injustiça perdoada.
Só quem não tem débito com a justiça e consegue pagar o preço que a justiça cobra pode perdoar.
Não tem débito com a justiça quem é justo.
Só é  justo quem nunca transgrediu ou quem foi perdoado, logo, quem, contra si, não teve nenhuma queixa apresentada ou teve a queixa contra si retirada.
Se a justiça que um determinado ato cobra é imediatamente deixar de existir, não há como quem cometeu o delito satisfazer a justiça, de modo que possa continuar na existência.
E não há  como ser perdoado “a posteriori”, o perdão tem de necessariamente “a piori”.
E se toda a transgressão é ré de inexistência, todo perdão tem de ser “a priori”, logo, tem de ser remetido ao sacrifício que, satisfazendo a justiça, permitiu tal perdão. Um sacrifício “a priori”, ou seja, levado a efeito antes da transgressão, em favor do transgressor (1 Pedro 1:18-20).
Quem pode bancar um custo desse senão Deus?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Um Herói Desconhecido...

 E se ele se chamasse Barbosa?

A revolução no Oriente Médio que derrubou ditadores, começou por alguém que bem poderia ser um brasileiro, nordestino e camelô - como era Basboosa, o tunisiano.
Na manhã daquela sexta-feira, 17 de dezembro, Basboosa se levantou, tomou seu banho, fez suas orações e partiu empurrando seu carrinho para vender frutas e legumes no centro da cidade. Basboosa era camelô – com essa atividade, sustentava a família. Seu pai morrera deixando sete filhos, quando Basboosa tinha apenas 3 anos. A mãe se casara de novo, mas a saúde debilitada do padrasto obrigou o garoto a abandonar a escola antes de terminar o ensino secundário.
Aos 26 anos, o rendimento de Basboosa era irrisório, equivalente a R$ 250 por mês vendendo frutas e legumes no centro da cidade do interior onde vivia, marcada pelo alto desemprego e pela corrupção da classe dominante. Sua casa, de barro, ficava a 20 minutos a pé do centro. E era sob o sol escaldante que Basboosa empurrava seu carrinho todos os dias. Quando saiu de casa naquela sexta-feira, não imaginava que seria a última vez que percorreria a estrada de terra com seu carrinho. Chegou cedo, às 8 da manhã, a fim de garantir um bom ponto. Esperava vender toda a mercadoria, que pegara consignada na véspera.  
Tudo corria bem até a chegada da polícia. Basboosa já estava acostumado. Desde criança, ele e outros ambulantes eram perseguidos pela polícia simplesmente por tentar ganhar a vida de maneira honesta. Normalmente, exigiam uma licença, mas o próprio governo local dizia que vendedores com carrinhos não precisavam do papel. Na prática, o que os agentes queriam sempre extorquir algum dinheiro.
Basboosa não conseguiu entrar em acordo com os policiais. Foi agredido, cuspido e ainda ouviu ofensas à memória de seu pai. O carrinho e os produtos foram jogados na rua, e os policiais ainda confiscaram sua balança. Revoltado, Basboosa foi aos órgãos públicos para protestar de forma civilizada. Tentou falar com o governador da região, na própria sede do governo, mas não foi recebido. Às 11h30, tomou uma decisão radical. Voltou à frente do prédio oficial, jogou gasolina sobre o próprio corpo e pôs fogo em si mesmo.
Basboosa não morreu imediatamente e foi levado ao hospital. Ele não era brasileiro, embora sua história de sofrimento, dor e humilhação pudesse ter ocorrido em qualquer lugar do Brasil. Não morava no sertão nordestino, embora o sol, a corrupção e o desemprego de sua terra sejam iguais a tantos lugares do semi-árido sertanejo. O rapaz era tunisiano e residia em Sid Bouzid. Basboosa era seu apelido; seu verdadeiro nome, que ficará para sempre na história, era Tarek Al-Tayyb Muhammad Bouazizi.
Depois de seu ato de auto-imolação, Basboosa agonizou por quase 3 semanas antes de morrer no último dia 4 de janeiro. Durante aquele período, uma verdadeira revolução começou na Tunísia. Assim que a ambulância partiu com Basboosa, uma multidão começou a se juntar. À tarde, já era uma manifestação e a polícia compareceu com seus cacetetes e bombas de gás lacrimogêneo. A partir de então, com uma forte ajuda da internet e de suas redes sociais, os protestos tomaram conta do país. No dia 14 de janeiro, o presidente tunisiano Zine el Abidine Ben Ali terminava seus 23 anos de ditadura fugindo com a família para a Arábia Saudita, depois de não ser aceito na França.
Inspirados pelos acontecimentos na Tunísia, populações de outros países árabes também começaram a se rebelar. Os egípcios deram fim à ditadura de 30 anos de Hosni Mubarak e o país encontra-se sob um governo de transição. A Líbia está em plena guerra civil – e quando este texto for publicado, é provável que o insano Muammar Gaddafi já tenha deixado o poder, vivo ou morto. Outros países como Argélia, Bahrein, Iêmen e até Arábia Saudita já veem nascer protestos e manifestações. A revolução ultrapassou fronteiras e a morte de Basboosa, que se imolou por sua dignidade, serviu para que milhões de outras pessoas lutassem pela dignidade.
Mas e se Basboosa se chamasse Barbosa e fosse brasileiro? E se fosse um sertanejo nordestino, e não um árabe tunisiano? E se fosse um camelô no Rio ou em São Paulo e tivesse sido humilhado pela polícia daqui? E se ele tivesse colocado fogo em si mesmo em Copacabana ou na Avenida Paulista? Será que uma manifestação aconteceria, ou seu ato iniciaria uma revolução? Infelizmente, é provável que não. Se Basboosa fosse brasileiro, nordestino, camelô e se chamasse Barbosa, a única coisa que seu suicídio geraria seria um comentário do tipo: “Um vagabundo a menos na cidade!”

(Cristianismo Hoje)

domingo, 29 de maio de 2011

O Amor que transforma...

O Amor de Deus Transformou a mulher samaritana.
Trata-se de alguém muito vulnerável.
Em primeiro lugar, discriminada. Samaritana, odiada pelos judeus.
Em segundo, vítima de machismo. Uma mulher tratada como inferior pelos homens.
Terceiro, divorciada... Não uma vez, nem duas... Mas, cinco vezes. Cinco casamentos derrotados, e agora ela divide a cama com um homem que não é seu.
Vizualizo-a, modernamente, como uma assídua frequentadora de happy-hours que vive com seu "companheiro" bêbado.
Voz rouca, hálito de cigarro, vestido curto e decotado. 
Certamente não era o melhor exemplo de Samaria.
Certamente você não a escalaria para ministrar para mulheres.
Isso é que torna a atitude de Jesus tão linda e surpreendente. Ele não apenas a escalou para a ministração, Ele deu-lhe a tarefa de evangelizar toda a cidade.
Ele amou-a de um modo que Ele, somente Ele pode amar... (e me amou mesmo assim)

Um pouco de chuva pode reerguer o talo de uma flor.
UMA DEMOSTRAÇÃO DE AMOR PODE SALVAR UMA VIDA!

(Max Lucado - *Adaptado)

sábado, 28 de maio de 2011

Não Quero um deus que funcione...

Já decidi: não quero um deus que funcione segundo minhas expectativas.
Não quero um deus que funcione de acordo com minhas orações.
Não quero um deus que funcione de acordo com a minha noção de justiça.
Não quero um deus que funcione a partir das minhas chantagens religiosas e minha birra espiritual.
Não quero um deus que funcione na solução dos meus problemas, para me arranjar um emprego, para curar meu filho, para me ajudar a realizar meus sonhos.
Não quero um deus que funcione toda vez que me coloco para cultuá-lo e ouvir Sua palavra.
Não quero um deus que funcione à base da manivela da minha prática religiosa e de minha limitada piedade.
Não quero um deus que funcione para aliviar minha mente estressada e meu coração carregado dos cuidados deste mundo.
Não quero um deus que seja à minha imagem e semelhança.
Rejeito este relacionamento utilitário com Deus. De olhar para Ele como uma máquina de abençoar pessoas. Como essas máquinas de refrigerante que a gente encontra nas lojas de conveniência. Uma máquina que, para funcionar, precisa das moedas da oração, da leitura da bíblia, do jejum, da participação regular nas atividades da igreja, do exercício constante e rígido para manter a santidade e não pecar, e assim por diante. Não quero um deus conveniente.
Rejeito esse evangelho que diz que Deus irá me abençoar apenas quando eu fizer determinadas coisas corretamente, que irá amar-me mais se eu tiver determinadas atitudes, que irá escolher-me para coisas importantes se meu coração estiver perfeito em sua presença.
Não quero um deus que funcione a partir de mim mesmo. Esse não é o deus verdadeiro, mas sim o resultado frágil do meu próprio egoísmo, que lá no fundo busca um deus que lhe sirva para todos os fins.
Não, não quero um deus para funcionar. Hoje eu quero um Deus para me relacionar, para conhecer na intimidade, para reconhecer Sua soberania e submeter-me aos Seus propósitos. Quero um Deus para adorar, para amar, para me entregar, ainda que em minha vida as coisas não funcionem como eu gostaria . Quero um Deus para crer e manter-me fiel, ainda que isso implique em permanecer enfermo, desempregado, ou viver outras circunstâncias contrárias.
Não estou procurando funcionalidade, mas relacionamento. Talvez o mesmo relacionamento do filho pródigo com seu pai (Lc 15). Um relacionamento baseado na graça e no amor do Pai, o qual, em todo o tempo, manteve aberta a porta do abraço e do beijo.
Quero ter com Deus o relacionamento de Arão, cujo privilégio foi ouvir do próprio Deus: “Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles nenhuma porção terás,: eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos de Israel.” (Números 18:20).
Já decidi: esse será o grande alvo da minha vida!

Deus nos abençoe
Pr. Luiz Henrique Solano Rossi
(texto retirado do site: www.devocionais.com.br)